A transparência do concreto
a linguagem imagística de Iracema
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.21.2.65-83Palabras clave:
Transparência, Imagens, Literatura sentimental.Resumen
Este artigo parte da análise de um trecho do romance Lucíola, de José de Alencar, para chegar a uma discussão mais ampla dos símiles empregados por Alencar em seus romances indianistas e, mais especificamente, em Iracema. A passagem de Lucíola analisada oferece uma das chaves para compreender a linguagem imagística usada por Alencar nos romances indianistas: a busca de uma linguagem transparente, calcada em imagens e associada ao primitivo e à natureza. Este trabalho procura demonstrar que a busca por esse tipo de linguagem faz parte de uma longa tradição sentimental que tem sua origem na Europa do século XVIII e que ainda influencia a obra de Alencar. Convenções sentimentais ligadas à sensibilidade e à empatia estariam por trás dos símiles criados por Alencar em Iracema, que seriam um exemplo de seu desejo de criar uma linguagem expressiva que apagaria a intermediação da linguagem verbal.
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