O afeto nostálgico em Angústia, de Graciliano Ramos

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.29.2.210-234

Palabras clave:

Angústia, Graciliano Ramos, narrativa, nostalgia, inadaptabilidade

Resumen

Resumo: Tencionamos, neste artigo, demonstrar que o afeto nostálgico é basilar na composição da forma/conteúdo de Angústia (2011), de Graciliano Ramos. A fim de examinarmos a edificação de tal sentimento no romance em questão, investigamos como a forma/conteúdo de Angústia constrói tensões ontológicas provenientes dos afetos da profunda tristeza. Para isso, fazemos uso tanto de textos críticos sobre essa narrativa, como os de Luís Bueno (2015), Rui Mourão (1971), Lúcia Helena Carvalho (1983) etc, quanto de estudos que embasam historicamente a construção do afeto nostálgico, e suas relações com a melancolia, por meio, especialmente, d’A tinta da melancolia (2015), de Jean Starobinki, A política da nostalgia, de Marcos Piason Natali (2006) e “A potência estética da nostalgia”, de André Antônio Barbosa (2019). A nossa exegese mostrou que a figuração da inadaptabilidade de Luís da Silva, erigida, entre outros recursos, pelo incessante vai-e-vem temporal do discurso, não é fruto tão somente de conflitos históricos; ela deriva, também, da representação dos conflitos psicológicos, altamente subjetivos, alimentados pelo grave sentimento nostálgico, alicerçando o trágico mal-estar do protagonista.

Palavras-chave: Angústia; Graciliano Ramos; narrativa; nostalgia; inadaptabilidade.

 

Biografía del autor/a

  • Pedro Barbosa Rudge Furtado, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP)

    Alcançou o título de Mestre em Estudos Literários na Unesp, no ano de 2017, com a dissertação Rememoração em Graciliano Ramos: do romance à autobiografia. Possuiu, e ainda possui, financiamento da Capes. Está cursando o doutorado na mesma instituição. Especialista em crítica da narrativa e teoria literária. Concentra-se no estudo da Literatura Brasileira, principalmente na prosa do decênio de 30, por meio de investigações da Crítica Dialética. É autor de artigos que versam sobre Graciliano Ramos e Jorge de Lima, principalmente. Publicou, ainda, trabalhos em anais de congressos. Participa de dois grupos de pesquisa: GEN (Grupo de Estudos da Narrativa) e Diálogos Literários e é, atualmente, professor substituto de "Críticas Literárias" no curso de Letras da Unesp de Araraquara.

  • Maria Celia Leonel, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP)

    Possui graduação em Letras pela Fundação Dom Aguirre (1968), mestrado em Letras Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (1976) e doutorado em Letras Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (1985). É livre-docente (1998) (UNESP) e professor titular (2007) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira e Teorias e crítica da narrativa, pesquisando, principalmente, os seguintes temas: narrativas brasileiras, modernismo brasileiro, prosadores brasileiros como Guimarães Rosa, Machado de Assis, Graciliano Ramos etc), teorias e crítica da narrativa, literatura e história. Docente e orientadora do Programa de Pós-graduação em Estudos Literários da FCL/UNESP-Araraquara.

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Publicado

2020-06-28