A queda do falocentrismo sob a ótica do poema “o homem pelado parece triste”, de Bruno Molinero
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.32.1.235-250Palabras clave:
falocentrismo, poema, riso, descentralizaçãoResumen
Disc ute-se neste artigo a descentralização da sociedade moderna na figura do homem, historicamente privilegiado na esfera do poder e também na teoria psicanalítica freudiana sobre o falocentrismo (1923). Problematiza-se, ainda, que as atuais composições sociais e de gênero criaram rupturas na teoria de Freud (1923) fazendo com que novas perspectivas pudessem ser consideradas para além daquela que centralizam, no homem, a figura organizadora das relações psicossociais. Assim, busca-se encontrar algumas respostas sobre a teoria do falocentrismo de Freud (1923), a partir de leituras do próprio autor e também em confronto com as contribuições de autores que problematizam este tema, tais como Simone de Beauvoir (1949) e Bourdieu (1998). Para isso, utiliza-se como método de pesquisa a análise crítica de literatura, a partir do poema “o homem pelado parece triste”, do autor Bruno Molinero e outras análises do seu livro Férias na Disney (2021), bem como o papel do humor, do riso, do fetiche (FREUD, 1927) e da carnavalização (BAKHTIN, 1999) na construção de uma poética crítica à dominação masculina. Conclui-se que a literatura é um importante vetor cultural para discussão e desmitificação da sociedade até então alicerçada no falocentrismo.
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