A cena disputada
O teatro como ferramenta diplomática nas turnês de Porgy and Bess e da Ópera de Pequim no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.32.2.72-95Palabras clave:
Teatro no Brasil, Porgy and Bess, Ópera de Pequim, Mobilidade artística, Guerra FriaResumen
A partir das perspectivas dos estudos globais do teatro, este artigo propõe uma análise da cena teatral brasileira cinquentista em uma “história compartilhada” (LEONHARDT, 2021). No transcorrer dos anos de impermeabilidades da Guerra Fria, turnês teatrais inauguraram vias de trânsito mundo afora graças a redes tecidas por instituições, empresários, críticos e espectadores de diferentes países. O exame da recepção do musical estadunidense Porgy and Bess e do espetáculo da Ópera de Pequim, encenados no Rio de Janeiro e em São Paulo em 1955 e 1956, respectivamente, revela que as apresentações veicularam mensagens diplomáticas de notável relevância. No primeiro caso, Porgy and Bess exportava a imagem de um Estados Unidos racialmente democrático e produtor de mais do que meros itens tecnológicos de consumo capitalista. No segundo, a Ópera de Pequim, vinda da recém-fundada República Popular da China, interpretava uma identidade imaginada (LEI, 2006; MELLO, 2022), através da qual buscava reconhecimento e validação. Disputadas, as plateias brasileiras acabaram também por se nutrir de tal dinâmica e, assim, pluralizavam-se.
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