“Num estiramento de libertação no papel”

O arquivo literário de Lygia Fagundes Telles e sua correspondência com Simone de Beauvoir / “In a Paper Release Stretch”: The Literary Archive of Lygia Fagundes Telles and Her Correspondence With Simone de Beauvoir

Auteurs

  • Angela das Neves Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo

DOI :

https://doi.org/10.17851/2358-9787.28.4.97-120

Mots-clés :

arquivo literário, epistolografia, crítica genética, Lygia Fagundes Telles, Simone de Beauvoir

Résumé

Resumo: O arquivo pessoal da escritora paulista Lygia Fagundes Telles (1923-) faz parte do acervo do Instituto Moreira Salles (IMS), desde 2004. De máquina de escrever a originais e cartas recebidas de amigos e escritores, esse material ainda requer estudos acadêmicos. Este artigo trata da cessão desse rico manancial para os estudos sobre a obra lygiana bem como descreve seu conteúdo e discute a sua catalogação. O objetivo é fazer um levantamento crítico desse tesouro do arquivo da escritora, concentrando-se na observação de alguns grupos de objetos no conjunto do acervo, como treze cartas da escritora e filósofa francesa Simone de Beauvoir (1908-1986). Por meio do estudo analítico da correspondência pessoal da autora brasileira, que reúne as teorias sobre arquivos pessoais e a crítica genética sobre a carta, este texto relaciona a documentação estabelecida no IMS à obra ficcional de Lygia Fagundes Telles, ressaltando o movimento permanente da escritora em manter a memória de si em seus escritos. Ao guardar, ainda em vida, numa instituição de acesso público, seus manuscritos, as cartas recebidas de seu círculo literário, entre outros textos que considerou de interesse geral para o conhecimento de sua obra, a autora de Conspiração de nuvens concebeu mais um misterioso projeto, cujas entrelinhas são estudadas aqui.

Palavras-chave: arquivo literário; epistolografia; crítica genética; Lygia Fagundes Telles; Simone de Beauvoir.

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Biographie de l'auteur

Angela das Neves, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo

Doutora em Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês, pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo 

Pós-doutoranda em Literatura Brasileira pelo Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (início previsto para agosto de 2019)

Références

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Anexo I – Obras de Lygia Fagundes Telles no Brasil

Ciranda de pedra, romance (1954)

Histórias do desencontro, contos (1958)

Verão no aquário, romance (1963)

Capitu, roteiro de cinema, em colaboração com Paulo Emílio Sales Gomes (1967)

Antes do baile verde, contos (1970) – o conto homônimo foi premiado no Concurso Internacional de Escritoras, em Cannes, na França.

As meninas, romance (1973)

Seminário dos ratos, contos (1977)

A disciplina do amor, memórias e fragmentos (1980)

As horas nuas, romance (1989)

A estrutura da bolha de sabão, contos (1991) – primeiramente publicado com o título Filhos pródigos (1978).

A noite escura mais eu, contos (1995)

Invenção e memória, memórias e crônicas (2000)

Durante aquele estranho chá, memórias e crônicas (2002)

Conspiração de nuvens, memórias e crônicas (2007)

Passaporte para a China, crônicas de viagem (2011)

Fonte: Academia Brasileira de Letras. Disponível em: http://academia.org.br/academicos/lygia-fagundes-telles/bibliografia. Acesso em: 15 jan. 2019.

Anexo II – Obras de Lygia Fagundes Telles na França

La Structure de la bulle de savon. Traduction de Inês Oseki-Dépré. Aixen-Provence, 1986. (Republicada pela editora de Paris, Presses Pocket, em 1992 e pela Le Serpent à Plummes, em 1999 e 2000.)

Un thé bien fort et trois tasses. Traduction de Maryvonne LapougePettorelli. Aix-en-Provence: Alinéa, 1989. (Republicada pela editora de Paris, Le Serpent à Plummes, em 1995.) – Trata-se de versão de Antes do baile verde.

L’Heure nue. Trad. Maryvonne Lapouge-Pettorelli. Aix-en-Provence: Alinéa, 1991. (Republicada pela editora de Paris, Le Serpent à Plummes, em 1996 e em 2000).

La Nuit obscure et moi. Traduction de Maryvonne Lapouge-Pettorelli. Paris: Rivages, 1998.

La Discipline de l’amour. Traduction de Maryvonne Lapouge-Pettorelli. Paris: Rivages, 2002.

Les Pensionnaires. Traduction de Maryvonne Lapouge-Pettorelli. Paris: Stock, 2005.

Fonte: ABREU, 2008, p. 162.

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Publiée

2019-12-05

Numéro

Rubrique

Dossiê: As vozes do arquivo literário: problemas, linguagens, aproximações