O riso unido ao distanciamento

correlações com o conto “Jacinto”, de Alphonsus de Guimaraens, Cândido, ou o otimismo, de Voltaire e nuanças de um Alphonsus humorista em arquivos históricos / The Laughter Coupled with Distancing: Interconnections with the Short Story “Jacinto” by Alphonsus de Guimaraens, the Candide: or Optimism by Voltaire and Nuances of an Alphonsus Humorist in Archives

Autores

  • Danielle Fardin Fernandes

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.28.4.291-314

Palavras-chave:

Alphonsus Guimaraens, museu, Voltaire, riso, Jacinto (recordações de Vila Rica, Cândido: ou o otimismo

Resumo

Resumo: Este artigo trata do riso unido ao distanciamento, correlações com o conto “Jacinto (recordações de Vila Rica)”, de Alphonsus de Guimaraens e o livro Cândido, ou o otimismo, de Voltaire, e também busca traçar um perfil humorista do poeta com base nos arquivos do Museu Casa Alphonsus Guimaraens. Ambos os autores, embora vivessem em países e épocas diferentes, de certo modo, acabaram se aproximando em suas escritas. Um, filósofo, dramaturgo e historiador, outro, poeta simbolista, se renderam aos artifícios da comicidade e produziram trabalhos que pertencem ao campo humorístico. No caso de Alphonsus, autor destacado neste trabalho, há uma personalidade que necessita ser delineada nesse sentido, uma vez que há uma grande quantidade de criações relacionadas ao riso nos manuscritos e outros documentos do Museu Casa Alphonsus Guimaraens, e todos, normalmente o conheciam como um poeta taciturno, o “solitário de Mariana”. No geral este estudo busca investigar como Voltaire, em Cândido, ou o otimismo, e Alphonsus no conto “Jacinto (recordações de Vila Rica)”, usam a ironia para provocar o riso, algo que, numa avaliação mais profunda, traduz uma decepção com o social e com a realidade existencial, gerando uma espécie de distanciamento. Pretende, por fim, com base em pesquisas em documentos históricos, encontrar uma lembrança dessa outra faceta de Alphonsus. O livro O riso e o risível: na história do pensamento, de Verena Alberti e o capítulo “Rabelais e a história do riso” em Cultura popular na idade média e no renascimento, de Mikhail Bakhtin, completam a investigação.

Palavras-chave: Alphonsus Guimaraens; museu; Voltaire; riso; Jacinto (recordações de Vila Rica; Cândido, ou o otimismo.

Biografia do Autor

  • Danielle Fardin Fernandes
    Possui graduação em Letras (Licenciatura em Língua Inglesa, Portuguesa e Bacharelado em Estudos Literários) pela Universidade Federal de Ouro Preto (2004). Foi professora efetiva nas escolas estaduais Imaculada Conceição na cidade de Porto Firme, e Coronel Benjamin Guimarães em Mariana, Minas Gerais. Atualmente ministra aula no curso técnico de Segurança do Trabalho com as disciplinas: Inglês Instrumental e Português Instrumental. Concluiu o mestrado em Estudos Literários em maio de 2012 na Universidade Federal de Viçosa. Já foi professora da FALE idiomas e trabalhou em institutos de pesquisa como EMDATA e DATAfolha (do jornal Estado de Minas). Faz ainda traduções e tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura, atuando principalmente nos seguintes temas: Alphonsus Guimarães, humor, ironia, Verena Alberti, José Marcelino, gestão documental, poesia, Aníbal Machado, Todorov, fantástico, Gilberto Mendonça Teles, álibis e sibila.

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Publicado

2019-12-05

Edição

Seção

Dossiê: As vozes do arquivo literário: problemas, linguagens, aproximações