A operacionalização da garantia cultural para construção de um tesauro engajado com a memória e a verdade da Ditadura Militar brasileira
Palavras-chave:
Garantia cultural, Tesauro, Grupo focal, Ditadura Militar (1964-1985)Resumo
Este estudo tem por objetivo apresentar e analisar os resultados de uma experimentação para a operacionalização da garantia cultural na construção de um protótipo de Tesauro para Estudos da Justiça de Transição. O referencial teórico aborda a relação entre a Organização do Conhecimento com perspectiva social e a construção de tesauros comprometidos com questões éticas, além do contexto cultural, social e político da Justiça de Transição. A metodologia é qualitativa e interpretativa, utilizando um esquema adaptado para a construção do tesauro. A coleta de dados foi realizada por meio de um grupo focal, reunindo atores de uma diversidade de pertencimentos com a Justiça de Transição e profissionais da informação. A análise seguiu duas categorias principais: diversidade de pertencimentos e discussão terminológica baseada na memória e verdade. Os resultados indicam que a garantia cultural permitiu expressões diversas sobre os termos analisados a partir dos pertencimentos dos atores e possibilitou debates que evidenciaram dualidades terminológicas e mobilizaram a memória e verdade como critérios de validação, referenciando as comissões da verdade no Brasil e no mundo.
Referências
BARBOUR, Rosaline. Grupos Focais. Porto Alegre: Artmed, 2009.
BARITÉ, Mario. Literary Warrant. Knowledge Organization, [s.l.], v. 45, n. 6, p. 517-530, 2018.
BEGHTOL, Clare. A proposed ethical warrant for global knowledge representation and organization systems. Journal of Documentation, [s.l.], v. 58, n. 5, p. 507-532, 2002.
BEGHTOL, Clare. Semantic validity: concepts of warrant in bibliographic classification systems. Library Resources & Technical Services, [s.l.], v. 30, n. 2, p. 109-125, 1986.
CONFERÊNCIA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS, 11., 2008, Brasília (DF). Anais... Brasília (DF): Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2009. Tema: Democracia, desenvolvimento e Direitos Humanos: superando as desigualdades.
CUYA, Esteban. Justiça de Transição. Acervo, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 37-78, 2011.
DOMINGUES, Ivan. Epistemologia das Ciências Humanas: Positivismo e Hermenêutica. São Paulo: Loyola, 2004.
GARCIA GUTIÉRREZ, Antonio. La organización del conocimiento en el nuevo orden transcultural: del totalitarismo a la desclasificación (la razón como creencia y la oc como burocracia). Brazilian Journal of Information Science: Research Trends, [s.l.], v. 8, n. 1/2, p. 1-19, 2014.
GOMES, Pablo; FROTA, Maria Guiomar da Cunha. Knowledge Organization from a social perspective: Thesauri and the commitment to cultural diversity. Knowledge Organization, [s.l.], v. 46, [s.n.], p. 639-646, 2019.
GOMES, Pablo; FROTA, Maria Guiomar da Cunha. Organização social do conhecimento e a construção de tesauros compromissados com a memória e verdade sobre a ditadura militar (1964-1985). Acervo, [s.l.], v. 37, n. 3, p. 1–22, 2024. Disponível em: https://revistaacervo.an.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/2240. Acesso em: 13 mar. 2025.
GUEDES, Roger de Miranda.; MOURA, Maria Aparecida. O princípio da garantia semântica e os estudos da linguagem. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, [s.l.], v. 9, n. 2, p. 1-21, 2016.
HYMES, Dell. Foundations in sociolinguistics: an ethnograhic approach. New York: Tavistock, 1974.
LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed; Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.
MAI, Jens-Erik. Marginalization and exclusion: unraveling systemic bias in classification. Knowledge Organization, [s.l.], [s.n.], n. 43. p. 324-330, 2016.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Ciência, técnica e arte: desafio da pesquisa social. In. MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 26. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 11. ed. São Paulo, Hucitec, 2008.
MOURA, Maria Aparecida. Organização social do conhecimento e performatividade de gênero: dispositivos, regimes de saber e relações de poder. Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 118-135, 2018.
OLSON, Hope A. Mapping beyond Dewey’s boundaries: constructing classificatory space for marginalized knowledge domains. Library Trends, [s.l.], v. 47, n. 2, p. 253-254, outono1998.
PINHO, Fábio Assis. Aspectos éticos em representação do conhecimento: em busca do diálogo entre Antonio García Gutiérrez, Michèle Hudon e Clare Beghtol. 2006. 132f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2006.
SALES, Rodrigo de. Traços do autoconceito: invenções para a Organização do Conhecimento. Brasília: Editora IBICT, 2024.
TEIXEIRA, Eli. Nelson Jobim: projeto da 'comissão da verdade' prevê investigação dos dois lados, sem mexer na Lei da Anistia. Senado Notícias, Brasília, 02 mar. 2010.
TRIVELATO, Rosana Matos da Silva. A luta das mulheres tem muitos nomes: os Sistemas de Organização do Conhecimento frente a uma emergência conceitual. 2022. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2022.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Perspectivas em Ciência da Informação

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
