Sistemas Apostilados de Ensino e Autonomia Docente: Uma Análise com Professores de Ciências da Natureza e de Matemática em Escolas Privadas do Rio Grande do Sul

Autores

DOI:

https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2023u157182

Palavras-chave:

sistemas apostilados de ensino, autonomia docente, Ensino de Ciências, Ensino de Matemática

Resumo

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa que teve como objetivo compreender como os Sistemas Apostilados de Ensino (SAEs) têm interferido na autonomia de professores de ciências da natureza e de matemática em escolas da rede privada do Rio Grande do Sul. Com esse intuito, realizaram-se entrevistas semiestruturadas com dez professores de diferentes escolas do estado. Analisou-se o corpus por meio da Análise Textual Discursiva (ATD) aliada à construção teórica sobre autonomia docente de José Contreras. As categorias finais emergentes do processo foram: Persuasão (resultados e comunicação); Materiais e Recursos Didáticos; e Planejamento e Direcionamento. Os resultados indicam a presença de diversos fatores que afetam diretamente a prática pedagógica do corpo docente ou que camuflam, por meio de um discurso de flexibilização, o controle ao qual os professores estão submetidos. Também, aliados ao que já vem sendo exposto na literatura, fornecem indícios de que a racionalidade gerencialista dos SAEs vem intensificando o processo de proletarização ideológica dos professores ao mesmo tempo em que dissimula seu controle por meio de mecanismos mais sutis que induzem a uma autonomia ilusória e atenuam movimentos de resistência. Nesse sentido, os entrevistados parecem assumir uma função profissional muito mais técnica e reprodutiva do que crítica e participativa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gabriel Santos Ortiz, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Mestre em Educação em Ciências e Matemática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Atualmente, é doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCRS e professor de física na rede estadual do Rio Grande do Sul.

Luciano Denardin, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Doutor em Educação em Ciências e Matemática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Atualmente, é professor da Escola Politécnica e coordenador do Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática da PUCRS.

Referências

Adrião, T. M., Garcia, T. De O., Borghi, R. F., & Arelaro, L. (2009). Uma modalidade peculiar de privatização da educação pública: a aquisição de “Sistemas de Ensino” por municípios paulistas. Educação & Sociedade, 30(108), 799–818. https://doi.org/10.1590/S0101-73302009000300009

Amorim, I. F. de. (2008). Reflexões críticas sobre os Sistemas Apostilados de Ensino (Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, São Paulo). Repositório Institucional UNESP. https://repositorio.unesp.br/handle/11449/90314

Amorim, I. F. de. (2012). Indústria Cultural e Sistemas Apostilados De Ensino: A Docência Administrada (Tese de Doutorado, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, São Paulo). Repositório Institucional UNESP. https://repositorio.unesp.br/handle/11449/101502

Bego, A. M. (2013). Sistemas apostilados de ensino e trabalho docente: estudo de caso com professores de ciências e gestores de uma rede escolar pública municipal (Tese de Doutorado, Universidade Estadual Paulista, Bauru, , São Paulo). Repositório Institucional UNESP. https://repositorio.unesp.br/handle/11449/102057

Bertagna, R. H., & Borghi, R. F. (2011). Possíveis relações entre avaliações e sistemas apostilados privados em escolas públicas. Educação: teoria e prática, 21(38), 132–146. https://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/educacao/article/view/5269

Carvalho, E. J. G., & Wonsik, E. C. (2015). Políticas Educacionais Atuais: valorização ou precarização do trabalho docente. Revista Contrapontos, 15(3), 373–393. https://periodicos.univali.br/index.php/rc/article/view/5850

Contreras, J. (2012). A Autonomia de Professores. Cortez.

Dantas, F. B. De A., & Almeida, C. M. de C. (2014). Os “pacotes didáticos” na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Educação em Foco, 17(24), 229–253. https://doi.org/10.24934/eef.v17i24.285

D’Aquino Rosa, M., & Artuso, A. R. (2019). O Uso do Livro Didático de Ciências de 6º a 9º Ano: Um Estudo com Professores Brasileiros. Revista Brasileira De Pesquisa Em Educação Em Ciências, 19(u), 709–746. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2019u709746

Flick, U. (2004). Uma introdução à Pesquisa Qualitativa. Bookman.

Galzerano, L. S. (2016). Grupos empresariais e educação básica: estudo sobre a SOMOS Educação (Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo). Repositório da Produção Científica e Intelectual da Unicamp. https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2016.978698

Garcia, M. M. A., & Anadon S. B. (2009). Reforma educacional, intensificação e autointensificação do trabalho docente. Educação & Sociedade, 30(106), 63–85. https://doi.org/10.1590/S0101-73302009000100004

Janke, R. R. (2018). Relação público-privado na rede pública de um município da região celeiro: gerencialismo e padronização pedagógica (Dissertação de Mestrado, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai das Missões, Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul). Repositório da URI. https://ppgedu.fw.uri.br/storage/siteda4b9237bacccdf19c0760cab7aec4a8359010b0/dissertacoes/discente79/arq_1620910291.pdf

Laval, C. (2004). A escola não é uma empresa: o neo-liberalismo em ataque ao ensino público (Trad. M. L. M. de Carvalho e Silva). Planta.

Moraes, R., & Galiazzi, M. do C. (2016). Análise Textual Discursiva. Unijuí.

Morais, R. P. de, Bego, A. M., & Giordan, M. (2021). Investigação dos Impactos do Processo de Elaboração, Aplicação e Reelaboração de Sequências Didáticas na Racionalidade Prevalente acerca do Planejamento. Revista Brasileira De Pesquisa Em Educação Em Ciências, 21(u), e25813, 1–32. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2021u531562

Motta, C. E. de S. (2001). A indústria cultural e o Sistema Apostilado: a lógica do capitalismo. Cadernos Cedes, 21(54), 82–89. https://doi.org/10.1590/S0101-32622001000200009

Ortiz, G. S. (2021). Sistemas apostilados de ensino e autonomia docente em educação em ciências e matemática: um diálogo com José Contreras (Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul). TEDE PUCRS. https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/9865

Ortiz, G. S., Denardin, L., & Savi Neto, P. (2021). Sistemas Apostilados de Ensino e autonomia ilusória: reflexões à luz de José Contreras. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos — RBEP, 102(262), 607–625. https://doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.102i262.4847

Pieroni, R. F. (1998). A expansão do Ensino Franqueado: um estudo de caso (Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo). Repositório da Produção Científica e Intelectual da Unicamp. https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.1998.134440

Rodríguez, M. V. (2008). Reformas educacionais e proletarização do trabalho docente. Acta Scientiarum, 30(1), 45–56. https://www.redalyc.org/pdf/3073/307324802011.pdf

Silva, E. F. da. (2016). Reflexões sobre o uso do sistema apostilado de ensino: o que dizem os professores de uma escola da rede particular (Dissertação de Mestrado, Universidade de Taubaté, Taubaté). Plataforma Sucupira. https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=4747257

Silveira, R. J. da. (2015). “Sistema privado de ensino” na educação pública municipal: trabalho docente e organização do ensino nos anos finais do Ensino Fundamental (Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo). Repositório da Produção da USP. https://repositorio.usp.br/item/002726990

Downloads

Publicado

2023-03-21

Como Citar

Ortiz, G. S., & Denardin, L. (2023). Sistemas Apostilados de Ensino e Autonomia Docente: Uma Análise com Professores de Ciências da Natureza e de Matemática em Escolas Privadas do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira De Pesquisa Em Educação Em Ciências, e39853, 1–26. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2023u157182

Edição

Seção

Artigos