Experiências do adoecimento crônico transmissível
discursividades de pessoas vivendo com hiv
DOI:
https://doi.org/10.5935/1415.2762.20200086Palavras-chave:
Doença Crônica, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, Saúde Pública, Pesquisa QualitativaResumo
Objetivo: analisar os sentidos discursivos produzidos por pessoas vivendo com HIV acerca da experiência do adoecimento crônico. Método: estudo qualitativo, ancorado no referencial teórico-metodológico da Análise de Discurso de matriz francesa. A partir de roteiro semiestruturado, foram entrevistados 11 indivíduos assistidos no Serviço de Atendimento Especializado em doenças infectocontagiosas de um município do interior paulista. Considerou-se, ainda, a descrição dos perfis sociodemográfico, comportamental e clínico dos participantes, a partir de questionário fechado. Resultados: os perfis sociodemográfico e comportamental assemelharam-se aos dados epidemiológicos da infecção em âmbitos nacional e internacional. Quanto ao perfil clínico, chama atenção a predominância de indivíduos com carga viral detectável. O (re)conhecimento do perfil epidemiológico dos participantes possibilitou a apreensão e a compreensão das condições de produção em sentidos restrito e amplo que estão na base dos discursos. Os gestos interpretativos possibilitaram a elaboração de dois blocos discursivos: sentidos de incorporação e (re)produção do discurso biomédico; e da normalização à resistência: processos de experienciar o HIV em cronicidade. As análises discursivas indicaram a incorporação e a reprodução do discurso biomédico com sentidos edificados na patologia. Observou-se, ainda, a tentativa de alinhamento ao pensamento de normalização do HIV. Contudo, aspectos fragilizadores (preconceito, discriminação e estigma) estiveram na base dos discursos dos sujeitos. Conclusão: os resultados podem contribuir para a qualificação da assistência, especialmente na abordagem pela equipe multiprofissional, favorecendo espaços dialógicos sobre a experiência crônica com o HIV.
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