Recusa a transfusão de sangue por gestantes e puérperas testemunhas de Jeová

Autores

  • Ana Paula Araujo Bezerra São Bernardo do CampoSP, Faculdade do Hospital Israelita Albert Einstein, Brasil
  • Mônica Bimbatti Cesar Universidade Federal de São Paulo, Escola de Enfermagem , Programa de Pós-Graduação; São PauloSP, Faculdade do Hospital Israelita Albert Einstein, Centro Universitário São Camilo , Pós-Graduação em Enfermagem Obstétrica e Ginecológica, Brasil
  • Sônia Regina Godinho de Lara UNIFESP, Escola de Enfermagem , Programa de Pós-Graduação; São PauloSP, Faculdade do Hospital Israelita Albert Einstein, Pós-Graduação em Enfermagem Obstétrica e Ginecológica , Brasil

DOI:

https://doi.org/10.35699/reme.v19i4.50070

Palavras-chave:

Hemorragia Pós-Parto, Testemunhas de Jeová, Ética Profissional, Autonomia do Paciente, Saúde da Mulher

Resumo

INTRODUÇÃO: a hemorragia obstétrica é considerada uma das principais causas de mortes maternas no mundo. Nesse cenário, as gestantes testemunhas de Jeová constituem uma população única, porque recusam transfusões de sangue total e de seus quatro componentes primários. O encontro da Obstetrícia com essas pacientes tem gerado ao longo do tempo muitos conflitos jurídicos, éticos e bioéticos. OBJETIVO: discorrer sobre os aspectos jurídicos, éticos e bioéticos diante da recusa à transfusão de sangue por gestantes e puérperas testemunhas de Jeová. MÉTODO: trata-se de estudo de revisão integrativa, em que foram identificados 14 artigos que compuseram a amostra. RESULTADOS E DISCUSSÃO: do ponto de vista legal e jurídico existe um emaranhado referente aos direitos dos médicos e dos pacientes. A Constituição Federal, o Código Civil e a Carta dos Direitos dos Usuários de Saúde reforçam a autonomia do paciente em recusar qualquer tratamento. E o o Código Penal e o Código de Ética Médica insistem na adoção de condutas que salvam vidas mesmo sem o consentimento da paciente - em casos de risco iminente de morte. Já na ética e bioética, o confronto existe entre a autonomia da paciente e a beneficência do ponto de vista médico. CONCLUSÕES: atualmente temos uma legislação dividida e questões éticas e bioéticas com pontos de vista opostos. É preciso repensar legal e bioeticamente nessas pacientes; entender suas crenças, conhecer tratamentos alternativos e ter instituições e profissionais mais preparados.

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Publicado

01-12-2015

Como Citar

1.
Bezerra APA, Cesar MB, Lara SRG de. Recusa a transfusão de sangue por gestantes e puérperas testemunhas de Jeová. REME Rev Min Enferm. [Internet]. 1º de dezembro de 2015 [citado 22º de novembro de 2024];19(4). Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/reme/article/view/50070

Edição

Seção

Revisao Sistematica