Chamada de trabalhos para o volume 6, número 2, ano 2021

01-07-2021

Com o intuito de incentivar a produção acadêmica no âmbito das ciências do Estado, a equipe editorial da REVICE torna pública a presente chamada, referente à composição do dossiê do volume 6, número 2, ano 2021. O tema do dossiê desta edição será ESTUDOS BRASILEIROS: UTOPIAS DEMOCRÁTICAS E IMAGINAÇÃO INSTITUCIONAL.

Para além de pensar as disputas sobre a interpretação do Brasil, há de se constatar uma potente vocação nacional para responder aos desafios globais. Um desses desafios propostos no crepúsculo do século XX, não como algo a se superar, mas como ideia acabada, é o chamado “fim da história”; concepção incensada por Francis Fukuyama, entretanto, acompanhada por outros pensadores que tratam aquilo que denominam por democracia liberal, fruto das consequências da queda do Muro de Berlim, como o único modelo possível de organização política e social.

Pareceria à época que o pensamento e a história haviam chegado ao fim. Imaginar futuros e construir utopias já não se encontravam na ordem do dia, quiçá, devido ao medo de que os horrores das grandes guerras europeias se repetissem, ou talvez pela primazia do chamado racionalismo político que poderia superar qualquer contradição através do consenso discursivo. Alguns, entretanto, se insurgiriam contra estes supostos consensos, por exemplo, defendendo que o fim existente para o pensamento e para a história, não seriam conclusões, mas teriam sentido teleológico, de horizontes de finalidades.

Poucos foram aqueles que fizeram frente a esse entendimento majoritário nas disciplinas do Estado, do Direito e da Economia; que não se prenderam aos limites impostos e pré-determinados, mas que conseguiriam a partir de uma rebeldia do pensamento — de traços brasileiros — se libertar desses grilhões. O chamado ao pensamento rebelde tem uma de suas mais importantes vozes nos estudos brasileiros, que tem se colocado no mundo como alternativa criativa à suposta estrutura político-social eternizada pelos arautos racionalistas.

A reação utópica precisa pensar novas estruturas que tracem caminhos a se seguir, não mais entendendo utopia como algo inalcançável, mas como um ideal orientador da cidadania. Um dos grandes protagonistas dessa resistência é o Professor Roberto Mangabeira Unger propõe o imperativo da rebeldia no pensamento brasileiro para que se consiga superar o colonialismo mental e, com isso, cumprir o dever das disciplinas do Estado e do Direito: imaginar e propor novas estruturas institucionais que viabilizem uma democracia de alta energia. As grandes mudanças estruturais não podem depender de crises econômicas ou militares para acontecer, faz-se urgente viabilizar alterações, inclusive pelo próprio sistema vigente, que não deve nem pode continuar sendo compreendido como indivisível na contemporaneidade.

Nesse sentido, surgem certos questionamentos: seria o pensamento utópico uma das soluções à brasileira para os desafios globais? Como atender à tarefa de imaginação institucional? Qual será o agente responsável por imaginar as estruturas possíveis? Seria a democracia consensual a forma acabada do pensamento ocidental? Caso haja o colonialismo mental, como superá-lo? Existe espaço para utopias democráticas na contemporaneidade? Como o pensamento brasileiro pode se colocar no mundo?    

Este número engloba, portanto, trabalhos sobre: estudos brasileiros; utopias democráticas; utopias nacionais; imaginação institucional; colonialismo mental; falsas necessidades das disciplinas; alternativas políticas, econômicas e sociais; movimento de estudos críticos do Direito e do Estado; desafios da democracia; pensamento político brasileiro e estrangeiro; pensamento social brasileiro e estrangeiro; pensamento jurídico brasileiro e estrangeiro; projetos de Brasil; cultura brasileira; instituições políticas brasileiras; cenários prospectivos; teorias sociais; teorias deterministas e antideterministas; desenvolvimento nacional.

 

I - A publicação da REVICE dar-se-á em fluxo contínuo.

II – A REVICE receberá trabalhos para o presente do dossiê da data da sua publicação até 5 de setembro de 2021. [adiado para 15 de setembro de 2021]

III - Os trabalhos cujo processo de avaliação e correção não se encerrarem até 31 de dezembro de 2021 serão publicados nos números seguintes da REVICE.

IV - Todas as políticas de submissão da REVICE, bem como suas políticas editoriais se encontram em seu site oficial.

V – Serão aceitos apenas artigos, ensaios, resenhas e traduções inéditas.

VI – Os trabalhos de temática livre continuam a ser aceitos pela REVICE.

 

Belo Horizonte, 01 de julho de 2021.

 

Victoria Nicolielo Reginatto

Editora-Chefe

 

João Pedro Braga de Carvalho

Editor-Chefe Adjunto