O uso estratégico do território

o fenômeno das “dark kitchens” em Belo Horizonte (MG)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2965-6931.2024.54301

Palavras-chave:

informação, Belo Horizonte, dark kitchens, logística, plataformas de delivery

Resumo

Nos últimos anos tem se observado o crescente uso de aplicativos como forma de realizar serviços básicos cotidianos, especialmente, para a entrega de refeições. Esse cenário, propiciou o surgimento de um novo modelo de negócios conhecido como dark kitchens, que funciona como uma pequena fábrica oculta de refeições em meio ao tecido urbano das grandes cidades do mundo. Nesse sentido, este artigo busca compreender como esse fenômeno se concretiza na cidade de Belo Horizonte. Para isso, foi realizada uma mineração de dados na plataforma de delivery do ifood, com a extração dos endereços dos restaurantes cadastrados em seu catálogo. Após a filtragem de 34 endereços, foram realizados trabalhos de campo para a observação da arquitetura e operação desses estabelecimentos. Como resultado da pesquisa, identificou-se a existência de vantagens locacionais das dark kitchens em Belo Horizonte, estabelecendo-se próximas a áreas de maior renda da cidade e de importantes eixos viários.

Biografia do Autor

  • Leandro Cardoso, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    Graduado em Geografia (1999), Mestre em Geografia (2003) e Doutor em Geografia (2007) pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor Associado do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da Universidade Federal de Minas Gerais (DETG/UFMG) e credenciado como Docente Permanente no Programa de Pós-Graduação em Geotecnia e Transportes (UFMG) e no Programa de Pós-Graduação em Geografia (UFMG). Foi Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Geotecnia e Transportes da UFMG (2015 a 2017) e Subcoordenador do Curso de Especialização em Logística Estratégica e Sistemas de Transporte da UFMG (2011 a 2015). Pesquisador/Sonhador voluntário no Projeto SOnhANDO A PÉ. Tem experiência nas áreas de Geografia e Engenharia de Transportes, atuando principalmente nos seguintes temas: Mobilidade Ativa, Mobilidade Urbana Sustentável, Planejamento de Sistemas de Transporte, Geografia Urbana, Desigualdades Socioespaciais. 

  • Fábio Tozi, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    Professor Adjunto no Departamento de Geografia, Instituto de Geociências, UFMG e Prof. dos Programas de Pós-Graduação em Geografia (PPGGeo) da UFMG e da UFSCar-So. Possuo graduação em Bacharelado em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, em 2002), graduação em Licenciatura em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (2007), Mestrado em Geografia (2005) pela Universidade Estadual de Campinas e Doutorado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP, em 2013). Realizei aperfeiçoamento em Doutorado em Geografia (Estágio Doutoral - PDEE/CAPES) na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) de Paris (2011-2012) e Pós-Doutorado junto ao Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Campinas (Programa de Pós-Doutorado Junior/CNPq, 2014-2016). Professor visitante na Universidad Nacional de Rosario (UNR - Argentina), Programa AUGM (2019). Coordenador do Laboratório Terra Mundo (Dep. de Geografia, IGC/UFMG), do Observatório das Plataformas Digitais (OPD) e do Grupo de Pesquisas [continente]. Linhas de Pesquisa: Espaço, Globalização e mundialização, Geografia Política, Geografia Econômica, Geografia Urbana e Economia Política do Território. Principais temas de pesquisa: Plataformas Digitais, uberização, inovação, patentes, informatização do território.

  • Carlos Fernando Ferreira Lobo, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    Doutor em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais e Pós-Doutor em Demografia pelo NEPO/UNICAMP. Atual Diretor do Instituto de Geociências da UFMG (Gestão 2022-2026). Professor Associado do Departamento de Geografia do IGC/UFMG. Credenciado nos Programas de Pós-Graduação em Geografia e em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais, ambos do IGC/UFMG, além do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFSJ. Líder do grupo de pesquisa intitulado Acessibilidade e Mobilidade Urbana, reconhecido pela UFMG e cadastrado no CNPq. Foi Coordenador do Programa de Pós-graduação em Geografia do Instituto de Geociências da UFMG (2019-2022) e Chefe do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais (2015-2016), editor-chefe da Revista Geografias/UFMG e pesquisador bolsista FAPEMIG. Atua preferencialmente na subárea de Geografia da População e Geografia dos Transportes, especialmente nas linhas de pesquisa migrações e mobilidade espacial da população, incluindo a utilização de métodos quantitativos aplicados a análise regional.

  • João Carlos Carvalhaes dos Santos Monteiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

    Professor adjunto do Departamento de Geografia Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ, Campus Maracanã). Professor do Programa de Pós-graduação em Geografia da UERJ (PPGEO). Professor do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Pesquisador de pós-doutorado em Geografia na Universidade Federal Fluminense (UFF). Doutor em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Graduado em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), especialista em Política e Planejamento Urbano (IPPUR/UFRJ) e mestre em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR/UFRJ). Tem experiência nas áreas de Geografia Urbana e Planejamento Urbano e Regional, atuando principalmente nos seguintes temas: áreas centrais, grandes projetos urbanos, estigmatização territorial, políticas de repovoamento e habitação social.

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Publicado

2025-02-10

Como Citar

O uso estratégico do território: o fenômeno das “dark kitchens” em Belo Horizonte (MG). Revista da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, v. 31, n. fluxo contínuo, 2025. DOI: 10.35699/2965-6931.2024.54301. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadaufmg/article/view/54301. Acesso em: 11 maio. 2025.