Relações de trabalho no futebol de mulheres

modernização e desafios

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2965-6931.2024.54309

Palavras-chave:

profissionalização, sociologia do esporte, gênero, interseccionalidade

Resumo

Este artigo explora a modernização das relações de trabalho no futebol de mulheres no Brasil, destacando a emergência dos empresários como agentes centrais na formalização dos contratos e na gestão das carreiras das jogadoras, sob a ótica das relações de gênero e da interseccionalidade. Foram entrevistadas 20 atletas da Série A1 dos anos de 2020 e 2021, com critérios de inclusão baseados em experiência e tempo de carreira. Os resultados revelam que a profissionalização trouxe avanços como maior estruturação e visibilidade, mas também novas formas de dependência e vulnerabilidade, com os empresários centralizando o poder. As desigualdades regionais e econômicas acentuam a fragmentação das práticas contratuais, afetando especialmente as jogadoras fora dos grandes centros. A discrepância entre a promessa de profissionalização e a realidade enfrentada revela a necessidade de regulamentação mais eficaz.

Referências

ALMEIDA, Caroline Soares. Do sonho ao possível: projeto e campo de possibilidades nas carreiras profissionais de futebolistas brasileiras. 2019. 254 f. Tese (Doutorado) - Programa de PósGraduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianopólis, 2019.

BANDEIRA, Gustavo Andrada; SEFFNER, Fernando. Futebol, gênero, masculinidade e homofobia: um jogo dentro do jogo. Espaço Plural, [s. l.], v. 14, n. 29, p. 246–270, 2013.

BARREIRA, Júlia; GALATTI, Larissa. As organizações esportivas e o desenvolvimento internacional do futebol de mulheres: da proibição à obrigação. Brasília/Fortaleza: Ministério do Esporte/ IFCE, 2023.

BOUDENS, E. Relações de trabalho no futebol brasileiro: Lei do Passe, a tentativa de sua extinção (PL no 1.159/95) e a proposta de regulamentação do INDESP. Brasília: Câmara dos Deputados, 2002.

BRAUN, Virginia; CLARKE, Victoria. Reflecting on reflexive thematic analysis. Qualitative Research in Sport, Exercise and Health, [s. l.], v. 11, n. 4, p. 589–597, 2019. DOI: https://doi.org/10.1080/2159676X.2019.1628806

CHOO, Hae Yeon; FERREE, Myra Marx. Practicing Intersectionality in Sociological Research: A Critical Analysis of Inclusions, Interactions, and Institutions in the Study of Inequalities. Sociological Theory, [s. l.], v. 28, n. 2, p. 129–149, 2010. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-9558.2010.01370.x

COLLINS, Patricia Hills; BILGE, Simone. Interseccionalidade. tradução: Rane Souza. São Paulo: Boitempo, 2020.

CULVIN, Alex. Football as work: the lived realities of professional women footballers in England. MANAGING SPORT AND LEISURE, [s. l.], 2021. DOI: https://doi.org/10.1080/23750472.2021.1959384

CULVIN, A. et al. The price of success: Equal Pay and the US Women’s National Soccer Team. Soccer & Society, [s. l.], v. 23, n. 8, p. 920–931, 2022. DOI: https://doi.org/10.1080/14660970.2021.1977280

CULVIN, Alex; BOWES, Ali. The Incompatibility of Motherhood and Professional Women’s Football in England. FRONTIERS IN SPORTS AND ACTIVE LIVING, [s. l.], v. 3, 2021. DOI: https://doi.org/10.3389/fspor.2021.730151

DAMO, Arlei S. Do dom à profissão: formação de futebolistas no Brasil e na França. [S. l.]: Aderaldo & Rothschild Editores, 2007.

DUNNING, Eric. Sport as a male preserve: Notes on the social sources of masculine identity and its transformations. Theory, Culture & Society, [s. l.], v. 3, n. 1, p. 79–90, 1986. DOI: https://doi.org/10.1177/0263276486003001007

EJEKWUMADU, Ikechukwu. Social structure and the imagined mobility of youth football athletes in Dakar. European Journal for Sport and Society, [s. l.], v. 20, n. 1, p. 19–37, 2023. DOI: https://doi.org/10.1080/16138171.2021.2001174

FIFPRO, World Players’ Union. Raising Our Game: 2020 Women’s Football Report. Hoofddorp: FIFPro, 2020. Disponível em: https://fifpro.org/en/reports/raising-our-game.

GOELLNER, Silvana Vilodre. Mulheres e futebol no Brasil: entre sombras e visibilidades. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, [s. l.], v. 19, n. 2, p. 143–151, 2005.

KELLY, Seamus; CHATZIEFSTATHIOU, Dikaia. ‘Trust me I am a Football Agent’. The discursive practices of the players’ agents in (un)professional football. Sport in Society, [s. l.], v. 21, n. 5, p. 800–814, 2018. DOI: https://doi.org/10.1080/17430437.2018.1400767

KESSLER, Claudia Samuel. Mais que barbies e ogras: uma etnografia do futebol de mulheres no Brasil e nos Estados Unidos. 2015. Tese de Doutorado. PPG Antropologia social - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015.

MARTINS, Mariana Zuaneti. A mercadoria do futebol. Paulínia: Autoresporte, 2017.

MARTINS, Mariana Zuaneti; DELARMELINA, Gabriela Borel; DE SOUZA, Letícia Carvalho. Profissionalize-se como uma garota?: efeitos das políticas de desenvolvimento do futebol de mulheres nas oportunidades da carreira esportiva no Brasil. FuLiA/UFMG [revista sobre Futebol, Linguagem, Artes e outros Esportes], [s. l.], v. 8, n. 3, p. 59–81, 2023. DOI: https://doi.org/10.35699/2526-4494.2023.45290

MARTINS, Mariana Zuaneti; REIS, Heloisa Helena Baldy dos. “Dying with the union”: conflicts and emergence of a football players’ strike in Spain (2011). Movimento, [s. l.], v. 24, n. 2, p. 471–482, 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.71707

MESSNER, Michael A. When bodies are weapons: Masculinity and violence in sport. International review for the sociology of sport, [s. l.], v. 25, n. 3, p. 203–220, 1990. DOI: https://doi.org/10.1177/101269029002500303

PARRISH, Richard. Regulating players’ agents: a global perspective. The International Sports Law Journal, [s. l.], n. 1–2, p. 38–44, 2007. DOI: https://doi.org/10.1007/978-90-6704-551-3_1

PASSERO, Julia Gravena et al. Futebol de mulheres liderado por homens: uma análise longitudinal dos cargos de comissão técnica e arbitragem. Movimento, [s. l.], p. e26060–e26060, 2020. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.100575

PISANI, Mariane da Silva. “Sou feita de chuva, sol e barro”: o futebol de mulheres praticado na cidade de São Paulo. 2018. Tese de Doutorado. PPG Antropologia social - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

PRONI, Marcelo Weishaupt. A metamorfose do futebol. [S. l.]: Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Economia, 2000.

REIS, Heloisa Helena Baldy dos; LOPES, Felipe Tavares Paes; MARTINS, Mariana Zuaneti. Políticas públicas voltadas para atletas e torcedores de futebol: argumentos para dissidentes. Motrivivência, [s. l.], v. 26, n. 42, p. 115–130, 2014. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2014v26n42p115

RIAL, Carmen. Rodar: a circulação dos jogadores de futebol brasileiros no exterior. Horizontes Antropológicos, [s. l.], v. 14, p. 21–65, 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-71832008000200002

RODERICK, Martin. A very precarious profession: Uncertainty in the working lives of professional footballers. Work, employment and society, [s. l.], v. 20, n. 2, p. 245–265, 2006. DOI: https://doi.org/10.1177/0950017006064113

RODRIGUES, Francisco Xavier Freire. O fim do passe e a modernização conservadora no futebol brasileiro (2001-2006). [s. l.], 2007.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & realidade, [s. l.], v. 20, n. 2, 1995.

SLOANE, PeterJ. The Labour Market in Professional Football*. British Journal of Industrial Relations, [s. l.], v. 7, n. 2, p. 181–199, 1969. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-8543.1969.tb00560.x

SOUZA JUNIOR, Osmar Moreira; REIS, Heloisa Helena. Futebol de mulheres: a batalha de todos os campos. Paulínia: Autoresporte, 2023.

SZYMANSKI, Stefan. Football economics and policy. Hampshire: Palgrave Macmillan, 2010. DOI: https://doi.org/10.1057/9780230274266

WILLIAMS, J. An equality too far? Historical and contemporary perspectives of gender inequality in British and international football. HISTORICAL SOCIAL RESEARCH-HISTORISCHE SOZIALFORSCHUNG, [s. l.], v. 31, n. 1, p. 151–169, 2006.

Publicado

2024-11-20

Como Citar

Relações de trabalho no futebol de mulheres: modernização e desafios. Revista da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, v. 31, n. fluxo contínuo, 2024. DOI: 10.35699/2965-6931.2024.54309. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadaufmg/article/view/54309. Acesso em: 24 dez. 2025.