Paisagem viva, sítio fantasma

sensibilizações imagéticas sobre o presente da Igreja Nossa Senhora dos Remédios, em Cachoeira, Bahia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31239/vtg.v18i2.49518

Palavras-chave:

patrimônio negro, ruína religiosa, racismo patrimonial

Resumo

Este ensaio, através de uma narrativa visual, analisa e reflete sobre questões acerca da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, no município de Cachoeira/BA. O referido templo foi utilizado entre a segunda metade do século XIX até o século XX pela Irmandade do Bom Jesus dos Martírios, uma irmandade composta por negros associados à nação Jeje. Eles utilizavam o espaço enquanto local de reinvenção cultural e de reconstrução de práticas, tornando a Igreja um espaço essencialmente negro e de etnogênese afrodescendente. No entanto, a igreja está em estado de abandono, remetendo à questão da seleção de patrimônios a serem preservados e de um possível racismo patrimonial. Enquanto isso, como se verá, o entorno da igreja é um ambiente cuja movimentação é intensa e vivida, a partir da tradicional feira livre da cidade e de moradias familiares. A edificação, em estado de invisibilização, de arruinamento e de desconstrução física e imaterial, contrasta fortemente com a atual existência dinâmica da sua paisagem de entorno.

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Publicado

2024-07-29

Como Citar

Costa Fernandes, G., dos Santos Mota, J. R., & de Barros Viana Hissa, S. (2024). Paisagem viva, sítio fantasma: sensibilizações imagéticas sobre o presente da Igreja Nossa Senhora dos Remédios, em Cachoeira, Bahia. Vestígios - Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, 18(2), 71–94. https://doi.org/10.31239/vtg.v18i2.49518