O sítio da Ressaca

materialidade da história afro-brasileira omitida na paisagem da capital paulista

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31239/8mmr9382

Palavras-chave:

Sítio da Ressaca, Paisagem, Patrimônio afro-brasileira

Resumo

O objetivo deste artigo é apresentar formas de interpretar vestígios arqueológicos para pensar os processos históricos de resistência e luta abolicionista em São Paulo nas últimas décadas do século XIX. Para isso, a casa sede do sítio da Ressaca, localizada no bairro do Jabaquara (capital paulista), será analisada e rediscutida à luz de materialidades invisibilizadas até então.

Esta edificação compõe a lista das “Casa Bandeirista”, expressão lavrada por Luís Saia na época das comemorações do IV Centenário de Fundação da Cidade de São Paulo, na tentativa de consolidar uma visão grandiosa da formação do povo paulista. Esta apropriação da figura do bandeirante como modelo da identidade paulista ocorre desde o final do século XVIII e, ainda hoje, contribui para o apagamento da memória e formas de representação de outros coletivos (como os africanos e afrodescendentes).

Assim, a partir da análise de novos elementos do sítio da Ressaca, como dados históricos, localização geográfica, relatos históricos e vestígios presentes na estrutura original da casa sede deste sítio arqueológico, pretende-se trazer à luz as relações sociais que atribuem sentido a esse patrimônio arqueológico e, consequentemente, questionar posições há muito consolidadas sobre a identidade e representação do patrimônio cultural paulistano.

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Publicado

2025-07-30

Como Citar

O sítio da Ressaca: materialidade da história afro-brasileira omitida na paisagem da capital paulista. (2025). Vestígios - Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, 19(2), 113-134. https://doi.org/10.31239/8mmr9382