A 'mise en abyme' como recurso eniano nos anais

Autores

  • Everton Natividade

DOI:

https://doi.org/10.17851/2317-2096.19.3.47-56

Palavras-chave:

Ênio, Anais, mise en abyme, Annals.

Resumo

Resumo: No fragmento 22 do primeiro canto dos Anais (ed. Valmaggi), Quinto Ênio (239—ca. 169 a.C.) apresenta a sua versão da concepção dos gêmeos Rômulo e Remo, numa cena em que a narrativa do poeta contém o discurso de Ília, mãe dos gêmeos, recém-acordada de um sonho bastante agitado. Na fala de Ília, insere-se a fala do seu pai, um discurso dentro de outro discurso. O procedimento do récit enchâssé cria um efeito de mise en abyme que tem especial relevância para a leitura interpretativa do fragmento, por sua vez criador de uma segunda mise en abyme nos Anais. Outro sonho narrado no primeiro canto, o de Ênio com Homero (fr.2-8), liga-se ao de Ília também pela mise em abyme, gerando novas leituras intratextuais.

Palavras-chave: Ênio; Anais; mise en abyme.

Abstract: In fragment 22 from the first book of the Annals (ed. Valmaggi), Quintus Ennius (239–ca. 169 BC) provides us with his version of the twins’ Romulus and Remus conception, in a scene in which the poet’s narrative contains the twins’ mother’s speech, Ilia’s, the description of the dream she’s just had. In Ilia’s line, we hear her father speak–a speech within a speech. This récit enchâssé produces the effect of a mise en abyme that bears special relevance to the interpretative reading of the fragment, which in its turn creates a second mise en abyme through its insertion in the Annals. Narrated in the first book, another dream, in which Ennius sees Homer (fragments 2-8), is also connected to Ilia’s through the mise en abyme’s effect, thus generating new intratextual reading possibilities.

Keywords: Ennius, Annals, Mise en abyme.

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Publicado

2009-12-31

Como Citar

Natividade, E. (2009). A ’mise en abyme’ como recurso eniano nos anais. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 19(3), 47–56. https://doi.org/10.17851/2317-2096.19.3.47-56

Edição

Seção

Dossiê - Os Clássicos