Apresentar o irrepresentável: paisagem com bois e vaca amarela

Autores

  • Paula Glenadel Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.17851/2317-2096.21.3.111-119

Palavras-chave:

animalidade, arte, Guimarães Rosa, Franz Marc

Resumo

Aproximar o conto de Guimarães Rosa “Conversa de bois” (Sagarana, 1946) do quadro Vaca amarela (1911), de Franz Marc, pintor expressionista ligado ao movimento Der Blaue Reiter, significa repensar a representação dos animais, forçando os limites do comentário batailliano sobre a “mentira poética da animalidade” até fazer da poesia o lugar de uma verdade ética da hospitalidade com a qual se dá acolhida ao totalmente outro. Essa verdade se manifesta como exigência do impossível, como no dito de Derrida: “Um ato de hospitalidade só pode ser poético.” No conto, coexistem estruturas mais tradicionais de representação com a tentativa poética de encontrar, através da plasticidade da linguagem, algo que seria traço irredutível dos bichos; no quadro, a representação da vaca vista de fora se mistura ao cromatismo em amarelo com o qual o pintor busca apresentar poeticamente algo do afeto dos bichos em sua “visão de mundo”.

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Referências

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Publicado

2011-12-31

Como Citar

Glenadel, P. (2011). Apresentar o irrepresentável: paisagem com bois e vaca amarela. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 21(3), 111–119. https://doi.org/10.17851/2317-2096.21.3.111-119

Edição

Seção

Dossiê - Zoopoéticas Contemporâneas: Poesia e Animalidade