Da terra e do céu, a poesia que vem dos bichos: Manoel de Barros e suas Memórias inventadas

Autores

  • Fernanda Coutinho Universidade Federal do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.17851/2317-2096.21.3.131-137

Palavras-chave:

animal, infância, memória

Resumo

Em Memórias inventadas, A infância (2003), A segunda infância (2006) e A terceira infância (2008), Manoel de Barros (Cuiabá, MT, 1916) traz para a escrita memorialista aspectos formais inusitados e apresenta uma fauna sui generis, composta por lesmas, lacraias, sapos, entre outros animais que habitualmente fogem a uma valoração positiva do ponto de vista estético. A exceção ficaria por conta dos pássaros, que se furtam ao padrão de apreciação dos bichos já referidos. O presente trabalho busca, de início, evidenciar a poesia do escritor como espaço de inclusão do que muitas vezes é tomado como repulsivo, evidenciando o sentido de metamorfose da arte, enquanto terreno da outridade; em segundo lugar, interessa ver como a figura do animal, em sua atuação no mundo natural, funciona como suporte para a dicção metanarrativa que impregna todo o relato, sendo, portanto, de suma importância, uma vez que as Memórias situam-se no domínio da poeisis.

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Referências

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Publicado

2011-12-31

Como Citar

Coutinho, F. (2011). Da terra e do céu, a poesia que vem dos bichos: Manoel de Barros e suas Memórias inventadas. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 21(3), 131–137. https://doi.org/10.17851/2317-2096.21.3.131-137

Edição

Seção

Dossiê - Zoopoéticas Contemporâneas: Poesia e Animalidade