Letras do cárcere: reinvenção da memória em relatos de/sobre detentos
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.23.1.161-172Palavras-chave:
memória, narração, sistema prisionalResumo
No contexto da emergência de narrativas literárias brasileiras que tangenciam a crônica policial, observada no final dos anos de 1990, o romance Estação Carandiru, de Drauzio Varella, tornou- se o patrono de um filão editorial conhecido à época como letras do cárcere. Os autores que deste grupo participam, estreantes na literatura, em sua maioria, produziram narrativas que ilustram, por afinidade e por contraste, as relações entre memória e história, conforme formuladas pelo estudo de Walter Benjamin sobre o narrador. A transformação das vivências do confinamento em experiência compartilhada fora de seus muros (terminologia de Benjamin), a partir de operadores narrativos, pode ser verificada nas opções textuais realizadas. No decurso, são pontuadas certas dissensões entre os relatos dos detentos, entre si, e dos detentos em comparação ao visitante que se faz narrador (médico, repórter, pesquisador). A migração intermitente de histórias do plano documental/ jornalístico ao memorialístico/ confessional é a base sobre a qual se assenta o processo de reinvenção da realidade, no qual se considera, segundo o método benjaminiano, a língua como meio de exploração do passado.
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