Guará, o craque que não foi: ficção e história na biografia esportiva
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.26.3.157-174Palavras-chave:
biografia, esporte, ficção, herói, homem comumResumo
Tendo como pano de fundo o debate mais amplo sobre as fronteiras entre a literatura e a história, o artigo pretende discutir a presença do discurso biográfico no jornalismo e na cultura esportiva brasileira. Para isso, lança mão de referências teóricas sobre a narrativa e a biografia, colhidas tanto no campo dos estudos literários quanto no dos estudos históricos. Do trabalho dos historiadores, vem a percepção do caráter narrativo das representações do passado, bem como a reflexão sobre as diferentes formas de articular as trajetórias individuais focalizadas pela biografia e as experiências coletivas visadas pela historiografia. Do campo literário, são trazidas para o debate discussões sobre a ficção e suas relações com a realidade, as ligações entre biografia e outras formas literárias e o conceito de “ficção biográfica”, por meio do qual se evidencia a dimensão ficcional das narrativas biográficas e se questiona a tradição heroica da biografia histórica. Busca-se, desse modo, construir uma perspectiva analítica a partir da qual seja possível compreender melhor os sentidos e as funções da escrita biográfica na constituição do imaginário esportivo. Como exemplo das possibilidades abertas por essa perspectiva, são brevemente analisados alguns textos de caráter biográfico sobre a trajetória de Guará, jogador do Clube Atlético Mineiro nos anos 1930 que despontou para o estrelato e teve sua ascensão dramaticamente interrompida por um violento choque com o destino.
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