Mais do que uma trilha sonora: música entre texto e imagem na arte ambiental
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.27.2.141-155Palavras-chave:
música, texto, imagem, Antropoceno, clima, performatividadeResumo
A música raramente tem sido objeto de análise nas formas de arte ambiental, do cinema à ficção pós-apocalíptica. Este artigo procura preencher essa lacuna e mostrar como a música atua entre palavra e imagem, a partir de três estudos de caso: o Projeto Crossroads, uma série de leituras performáticas sobre a crise climática; Trinity, um vídeo-documentário de curta duração a respeito da história dos testes nucleares; e The Book of Joan, de Lidia Yuknavitch, um romance distópico que tem por foco a música. Nos três casos, a música não funciona como pano de fundo para produzir uma determinada atmosfera, mas sim como um mediador ativo. Penetrando as fronteiras entre texto, ou palavra falada, e imagem com inesperada presença material, a música ajuda a provocar na audiência maior senso de urgência ou questionamento a respeito das alterações climáticas; pode acumular intensidade à medida que os espectadores assistem e ouvem dados sobre os testes nucleares; e pode até mesmo incitar violência em uma narrativa, tanto na temática quanto no texto em si, como observou Sybille Krämer em seu trabalho sobre performatividade. Embora a arte ativista possa facilmente se tornar manipulativa, a música pode “expor” seus ouvintes (para usar o termo de Stacy Alaimo e Jean-Luc Nancy) às ameaças planetárias de uma forma que promova uma reação não só sentimental ou tímida, mas crítica.
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