Políticas da morte na ficção de José do Patrocínio

Autores

  • Marcelo dos Santos Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.17851/2317-2096.28.3.183-199

Palavras-chave:

José do Patrocínio, negritude, escravidão, pena de morte, crime de ódio

Resumo

Em 1877, o escritor e jornalista José do Patrocínio publicou Motta Coqueiro ou A pena de morte, ficção-libelo contra a pena de morte. Ficcionalizando os fatos em torno da história d’“A fera de Macabu”, Patrocínio produziu uma narrativa considerada protonaturalista, pela expressão, e ideologicamente comprometida com as teorias raciais da época. Contudo, propõe-se aqui uma leitura alternativa, que deve deixar assinalado que, apesar do uso de modos e formas de expressão e pensamento do final do século XIX brasileiro, o livro de Patrocínio parece realizar um mapa dos afetos na sociedade oitocentista brasileira. Sendo assim, Motta Coqueiro exemplificaria caminhos de uma ficção afro-brasileira que expressa, além das contradições de uma sociedade estruturalmente escravocrata, a produção do ódio que condena a todos.

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Biografia do Autor

Marcelo dos Santos, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Departamento de Letras, Literatura brasileira e Teoria literária, UNIRIO. Doutor em Literatura Comparada (UERJ, 2010).

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Publicado

2018-10-15

Como Citar

Santos, M. dos. (2018). Políticas da morte na ficção de José do Patrocínio. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 28(3), 183–199. https://doi.org/10.17851/2317-2096.28.3.183-199