A potência política de um feminino corpo-memória

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-2096.2020.20461

Palavras-chave:

Diamela Eltit;, ditadura, desaparecimento, Walter Benjamin, Jamais o fogo nunca

Resumo

Tendo como guia um corpo-memória, que ao recuperar o passado a partir do não-dito revela sua latência no presente, em Jamás el fuego nunca (2007), de Diamela Eltit, literatura, política e História cruzam-se a todo tempo. Trata-se de uma narrativa na qual uma mulher sem nome rememora episódios passados ao mesmo tempo em que examina a banalidade do presente que compartilha com seu companheiro, o antigo líder de uma célula militante. Retomando a memória da ditadura chilena a partir daquele que talvez seja seu traço mais sinistro – o desaparecimento –, nesse romance, Eltit se aproxima da realidade histórica para acrescentar à discussão uma perspectiva irrealizável fora do horizonte da arte. Neste artigo, interessa-nos investigar em que medida a conversão desse rastro do passado em estratégia estética – ao colocar em disputa outras formas de visibilidade e inteligibilidade – dialoga com o conceito de História elaborado por Walter Benjamin.

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Biografia do Autor

Elisa Amorim Vieira, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais / Brasil

É professora da Faculdade de Letras da UFMG desde 2002. Tem graduação em Comunicação Social pela UFRJ e Mestrado e Doutorado em Letras Neolatinas, pela UFRJ.

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Publicado

2020-12-22

Como Citar

Vieira, E. A., & Carvalho, C. (2020). A potência política de um feminino corpo-memória. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 30(4), 271–290. https://doi.org/10.35699/2317-2096.2020.20461