Uma poética do inacabamento
a escrita literária de Maria Tereza
DOI:
https://doi.org/10.35699/2317-2096.2020.21939Palavras-chave:
memória, testemunho, pensamento decolonial, Negrices em flor, Maria TerezaResumo
O artigo analisa a obra Negrices em flor, da poeta, compositora e atriz negra Maria Tereza, explorando como a escrita poética da autora expõe a invisibilidade, o silenciamento e a subalternização de sujeitos produzidos no encontro e na violência colonial. Atenta à dupla subalternização da mulher negra, a escrita assume um discurso que se volta não apenas para o corpo negro, mas, mais especificamente, para o corpo feminino negro. Desse lugar de fala a escrita se constrói como testemunho de uma memória negra, enquanto ressignificar a diáspora como ato gerador de um “corposolo” também negro. Esse corposolo negro, contrariando a colonialidade do poder, afirma-se como um “pensamento crítico de fronteira” por meio do qual a voz lírica redefine as ideias de cidadania, democracia, direitos humanos e humanidade, conforme impostas pela modernidade europeia, para permitir ao sujeito negro, especialmente o feminino, ancorar sua existência em outras cosmologias e outras epistemologias.
Downloads
Referências
BENVENISTE, É. Problemas de Linguística Geral I. 4. ed. Tradução de Maria da Glória Novak e Maria Luiza Nery. São Paulo: Pontes, 1995.
BENVENISTE, É. Problemas de Linguística Geral II. 4. ed. Tradução de Eduardo Guimarães et al. São Paulo: Pontes, 1989.
BERNARDINO-COSTA, J.; GROSFOGUEL, R. Decolonialidade e perspectiva negra. Revista Sociedade e Estado, Brasília, v. 31, n. 1, p. 15-24, jan./abr. 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/se/v31n1/0102-6992-se-31-01-00015.pdf. Acesso em: 31 ago. 2018.
FANON, F. Pele negras, máscaras brancas. Tradução de Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008. DOI: https://doi.org/10.7476/9788523212148.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 4. ed. Curitiba: Editora Positivo, 2009.
GINZBURG, J. Violência e Forma em Hegel e Adorno. In: SELIGMANN-SILVA, M.; GINZBURG, J.; HARDMAN, F. F. (org.). Escritas da violência: representações da violência na história e na cultura contemporâneas da América Latina. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2012. p. 35-49.
GOMES, H. T. “Visíveis e invisíveis grades”: vozes de mulheres na escrita afro-descendente contemporânea. Portal Literafro, Belo Horizonte, 11 set. 2017. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/artigos/artigos-teorico-criticos/136-heloisa-toller-gomes-visiveis-e-invisiveis-grades-vozes-de-mulheres-na-escrita-afro-descendente-contemporanea. Acesso em: 26 set. 2018.
GROSFOGUEL, R. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, n. 80, p. 115-147, mar. 2008. DOI: https://doi.org/10.4000/rccs.697. Disponível em: https://journals.openedition.org/rccs/pdf/697. Acesso em: 20 jul. 2018.
LEITE, I. B. Quilombos e quilombolas: cidadania ou folclorização? Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 5, n. 10, p. 123-149, maio 1999. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-71831999000100006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ha/v5n10/0104-7183-ha-5-10-0123.pdf. Acesso em: 01 ago. 2018.
MARIA Tereza Moreira de Jesus (1974-2010). A atriz negra que se lançou em alto-mar. Folha de São Paulo, São Paulo, 30 abr. 2010. Caderno Cotidiano. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff3004201025.htm. Acesso em: 25 set. 2017.
RANCIÈRE, J. A partilha do sensível. Tradução de Mônica Costa Netto. São Paulo: EXO experimental org: Editora 34, 2005.
SPIVAK, G. C. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra Regina Goulart Almeida. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
TEREZA, M. Negrices em flor. São Paulo: Edições Toró, 2007.
TEREZA, M. Ruídos. São Paulo: Editora Com-Arte, 2004.
TEREZA, M. Vermelho. São Paulo: Editora 34, 2009.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Terezinha Taborda Moreira (Autor)
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja The Effect of Open Access).