Sequestrados pela história
O mercador de Veneza, George Tabori e a memória do Holocausto
DOI:
https://doi.org/10.35699/2317-2096.2020.21947Palavras-chave:
Shakespeare, O mercador de Veneza, memória, Holocausto, George TaboriResumo
O artigo considera O mercador de Veneza, de Shakespeare, uma obra singularmente transformada pelos eventos do Holocausto, sendo frequentes as encenações em que ela se torna pretexto para recordar aqueles acontecimentos. Discute-se a peça como arquivo de trauma, para refletir sobre sua possibilidade de testemunhar as atrocidades cometidas na guerra. Para esse fim, examinam-se perspectivas variadas do conceito de trauma e suas representações, apoiando-se nas incursões de Giorgio Agamben pela aporia do testemunho. Vale-se, além disso, da noção de testemunho como um ato performativo de fala, segundo as ideias de Shoshana Felman. Finalmente, o artigo examina três adaptações distintas da peça, realizadas na segunda metade do século XX por George Tabori (1914-2007), dramaturgo e diretor judeu húngaro.
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