As similitudes entre os ofícios da gente miúda e as atividades próprias da gente honrada nas crônicas de Gomes Eanes de Zurara
DOI:
https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.22048Palavras-chave:
Escrita da história, Gente miúda, Literatura portuguesa, Retórica, Similitude, Gomes Eanes de ZuraraResumo
Gomes Eanes de Zurara, segundo cronista-mor de Portugal, escreveu enquanto vigorava a longa duração da instituição retórica. Deste modo, as narrativas históricas por ele compostas eram retoricamente regradas, o que pode ser observado, por exemplo, nos usos que o cronista faz de diversos ornamentos de palavras e de pensamentos com vistas a conferir dignidade à sua elocução. Neste artigo analisamos especificamente como a similitude, um dos diversos ornamentos de sentenças prescritos por tratados de arte retórica que tinham circularidade em Portugal no século XV, é utilizada por Zurara para estabelecer paralelos entre ofícios típicos da gente miúda, geralmente tida por “baixa” e “vil”, e atividades então consideradas elevadas e honradas, características de nobres e prelados. O engenho do cronista está justamente em encontrar semelhanças em coisas díspares, como é próprio da similitude.
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