“Poesia é vertical”: Samuel Beckett e a criatividade vanguardista

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17851/2317-2096.29.4.129-140

Palavras-chave:

surrealismo, Samuel Beckett, sublime, Murphy

Resumo

Ao debruçar-se sobre o envolvimento de Samuel Beckett no surrealismo, evidenciado pela assinatura, em 1932, do manifesto “Poesia é vertical”, e culminado em Murphy, o artigo tenta resgatar alguns traços da teoria do sublime de Burke na visão vanguardista da criatividade. A acentuação da verticalidade subverte não apenas a experiência desencarnada do sublime, tal como conceituado na estética tradicional, como também insiste em sua reinterpretação no âmbito da psicanálise, permitindo, dessa forma, a elaboração de uma reflexão sobre o prazer do trabalho da escrita e sobre a relevância da destruição nos processos criativos. Constituindo uma resposta ao Segundo Manifesto do Surrealismo (1930), permeado pela violência, e coincidindo com a reformulação freudiana do processo da sublimação, no qual acontece a troca não apenas da direção da pulsão, mas também de seu objeto, o manifesto conta ainda com a assinatura de Hans Arp, abrindo-se, assim, a uma discussão sobre a importância da relação entre os regimes visual e verbal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ACKERLEY, Chris. J. Demented Particulars: The Annoted Murphy. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2004.
ANZIEU, Didier. L’œuvre au corps. [Entrevista cedida a] Daniel Ferrer. Genesis, v. 8, p. 125-129, 1995. DOI: https://doi.org/10.3406/item.1995.1028.
ANZIEU, Didier. Le corps de l’œuvre: Essais psychanalytiques sur le travail créateur. Paris: Gallimard, 1981.
BECKETT, Samuel. Disjecta: miscellaneous writings and a dramatic fragment. Nova York: Grove Press, 1984.
BECKETT, Samuel. Murphy. Tradução de F. de Souza Andrade. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
BECKETT, Samuel. The collected poems of Samuel Beckett. Nova York: Grove Press, 2012.
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de S. P. Rouanet. Rio de Janeiro: Ed. Brasiliense, 1985. (Série Obras Escolhidas, v. I).
BRETON, André. Manifestos do surrealismo. Tradução de S. Pachá. Rio de Janeiro: Nau, 2001.
BRUM, José Tomaz. Visões do sublime: de Kant a Lyotard. In: CERÓN, Ilena P.; REIS, Paulo (org.). Kant. Crítica e estética na Modernidade. São Paulo: SENAC, 1999. p. 59-65.
BURKE, Edmund. Uma investigação filosófica sobre a origem de nossas ideias do sublime e do belo. Tradução de E. A. Dobránszky. Campinas: Editora da UNICAMP, 1993.
CASSIN, Barbara (org.). Vocabulaire européen des philosophies. Paris: Seuil & Le Robert, 2004.
CHIPP, Herschel B. (org.) Teorias da arte moderna. Tradução de W. Dutra. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
COLI, Jorge. The essence of desire. In: COLI, Jorge et al. Surrealism. Tradução de A. J. Waugh. Rio de Janeiro: CCBB, 2001. p. 84-95.
DUKES, Gerry. Samuel Beckett. Woodstock: The Overlook Press, 2001.
FIEROBE, Claude. Le Romantisme inattendu: Murphy de S. Beckett, ou l’union des contraires. In: FIEROBE, Claude. Études irlandaises, 1991. p. 197-208. DOI: https://doi.org/10.3406/irlan.1991.982.
FIFIELD, Peter. “I am writing a manifesto because I have nothing to say” (Soupault): Samuel Beckett and the interwar Avant-Garde. In: GONTARSKI, Stanley. The Edinburgh Companion to Samuel Beckett and the Arts. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2014. p. 170-184.
FLINT, Lucy. Handbook: The Peggy Guggenheim Collection. Nova York: Harry N. Abrams, 1983.
FRIEDMAN, Alan Warren. Surreal Beckett: Samuel Beckett, James Joyce and Surrealism. Nova York: Routledge, 2018. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315102580.
GOETHE, Johann Wolfgang von. Escritos sobre arte. Tradução de M. A. Werle. São Paulo: Humanitas, 2008.
GOETHE, Johann Wolfgang von. Selected Poems. Princeton: Princeton University Press, 1983. (Bilingual edition: German-English).
HERMANS, Cor. Interbellum Literature: Writing in a Season of Nihilism. Leiden: Brill, 2017. DOI: https://doi.org/10.1163/9789004341807.
KÖHLER, Erich. Der literarische Zufall, das Mögliche und die Notwendigkeit. Frankfurt: Fischer, 1993.
NANCY, Jean-Luc et al. (org.). Du sublime. Paris: Belin, 1988.
PIERRE, José. Position politique de la peinture surréaliste. Paris: Le Musée de Poche, 1975.
PILLING, John. A Samuel Beckett Chronology. Nova York: Palgrave Macmillan, 2006. DOI: https://doi.org/10.1057/9780230504837.
RABINOVITZ, Rubin. Murphy and the uses of repetition. In: GONTARSKI, Stanley E. (org). On Beckett: Essays and Criticism. Londres: Anthem Press, 2012. p. 53-71. DOI: https://doi.org/10.7135/UPO9780857285805.007.
SCHÄFER, Jörgen. Dada Köln: Max Ernst, Hans Arp, Johannes Theodor Baargeld und ihre literarische Zeitschriften. Wiesbaden: DUV, 1993. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-322-98707-5.

Downloads

Publicado

2019-12-19

Como Citar

Kempinska, O. (2019). “Poesia é vertical”: Samuel Beckett e a criatividade vanguardista. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 29(4), 129–140. https://doi.org/10.17851/2317-2096.29.4.129-140