Ler o tempo no espaço (Paris, Jacques Austerlitz, W. G. Sebald)

Autores

Palavras-chave:

National Library, Paris, Biblioteca Nacional, ; Jacques Austerlitz, W. G. Sebald, Karl Schlögel

Resumo

Resumo: O artigo é dividido em três movimentos: o primeiro é dedicado à exposição das ideias de Karl Schlögel em seu livro Ler o tempo no espaço, de 2003; o segundo apresenta uma análise crítica do romance Austerlitz, de W. G. Sebald, com ênfase na mobilização da cidade de Paris no texto em questão; o terceiro e último visa aprofundar os questionamentos levantados na seção anterior, identificando no trabalho de Sebald uma prospecção imaginativa das camadas recalcadas da experiência urbana. A cidade de Paris surge em Austerlitz por meio de uma digressão ensaística que tem como foco a Biblioteca Nacional da França e seu entorno, desde a II Guerra Mundial até o fim da década de 1990. A emergência desse conjunto arquitetônico é evocada por Sebald sob o signo da ambivalência: local de memória e de esquecimento, espaço das “luzes” e das “trevas”, canteiro de criação e de destruição.
Palavras-chave: Paris; Biblioteca Nacional; Jacques Austerlitz; W. G. Sebald; Karl Schlögel.


Abstract: This paper consists of three movements: the first discusses Karl Schlögel’s ideas presented in his book In Space We Read Time (2003); the second is a critical analysis of the novel Austerlitz, by W. G. Sebald, focusing on the mobilization of the city of Paris; the third and last one further examines the questions raised in the previous two sections, identifying in Sebald’s work an imaginative prospection of the repressed layers of urban experience. Austerlitz represents Paris as an excerpt that focuses on the National Library of France and its surroundings, from World War II to the late 1990s. The emergence of this architectural enterprise is evoked by Sebald under the sign of ambivalence: a place of memory and oblivion, a space of “light” and “darkness”, a site of creation and destruction.
Keywords: Paris; National Library; Jacques Austerlitz; W. G. Sebald; Karl Schlögel.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Kelvin Falcão Klein, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Professor Adjunto de Literatura Comparada na Escola de Letras da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e no Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da mesma instituição.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Un importante ritrovamento di manoscritti di Walter Benjamin. Aut Aut, Florença, n. 189-190, p. 4-6, 1982.

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985.

BUCK-MORSS, Susan. Dialética do olhar: Walter Benjamin e o projeto das Passagens. Tradução de Ana Luiza de Andrade. Belo Horizonte: Editora UFMG; Chapecó: Editora Universitária Argos, 2002.

COWAN, James L. Sebald’s Austerlitz and the Great Library: a Documentary Study. In: FISCHER, Gerhard (org.). W. G. Sebald: Schreiben ex patria/Expatriate Writing. Amsterdã: Rodopi, 2009. p. 193-212.

CURTIUS, Ernst Robert. Literatura europeia e Idade Média latina. Tradução de Teodoro Cabral (com colaboração de Paulo Rónai). São Paulo: Edusp, 2013.

FERRARIS, Maurizio. Documentalità: perché è necessario lasciar tracce. Roma: Laterza, 2009.

FIGUEIREDO, Eurídice. A pós-memória em Patrick Modiano e W. G. Sebald. Alea: Estudos Neolatinos, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 137-151, 2013.

HILBERG, Raul. A destruição dos judeus europeus. Tradução de Carolina Barcellos. Barueri: Amarilys, 2016.

HOUELLEBECQ, Michel. Submissão. Tradução de Rosa Freire Aguiar. São Paulo: Alfaguara, 2015.

JACOBS, Carol. Sebald’s Vision. Nova York: Columbia University Press, 2015.

KLEINBERG, Ethan. Haunting History: for a Deconstructive Approach to the Past. Stanford: Stanford University Press, 2017.

KOSELLECK, Reinhart. Estratos do tempo: estudos sobre história. Tradução de Markus Rediger. Rio de Janeiro: Contraponto: PUC-Rio, 2014.

MARGEL, Serge. Arqueologias do fantasma: técnica, cinema, etnografia, arquivo. Tradução de Maurício Chamarelli e Anne Dias. Belo Horizonte: Relicário, 2017.

MARI, Michele. Tutto il ferro della torre Eiffel. Turim: Einaudi, 2002.

MODIANO, Patrick. Para você não se perder no bairro. Tradução de Bernardo Ajzenberg. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

MURRAY, Simon. Fields of Association: W. G. Sebald and contemporary performance practices. In: BAXTER, Jeannette (org.). A Literature of Restitution: Critical Essays on W. G. Sebald. Manchester: Manchester University Press, 2013. p. 187-202.

NICHOLAS, Lynn H. Europa saqueada: o destino dos tesouros artísticos europeus no Terceiro Reich e na Segunda Guerra Mundial. Tradução de Carlos Malferrari. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

SCHLÖGEL, Karl. En el espacio leemos el tiempo: sobre historia de la civilización y geopolítica. Tradução de José Luis Arántegui. Madri: Siruela, 2007.

SCHLÖGEL, Karl. Im Raume lesen wir die Zeit. Über Zivilisationsgeschichte und Geopolitik. Frankfurt: Fischer Verlag, 2006.

SCHLÖGEL, Karl. In Space We Read Time: On the History of Civilization and Geopolitics. Tradução de Gerrit Jackson. Nova York: Bard Graduate Center, 2016.

SCHLÖGEL, Karl. Leggere il tempo nello spazio. Saggi di storia e geopolitica. Tradução de Lisa Scarpa. Milão: Bruno Mondadori, 2009.

SCHÖTTKER, Detlev. Dolf Sternberger und Walter Benjamin: ein Photographie-Aufsatz und seine Folgen. Sinn und form, Berlim, v. 62, n. 4, p. 437-444, 2010.

SEBALD, Winfried Georg. Austerlitz. Tradução de José Marcos Macedo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008a.

SEBALD, Winfried Georg. Guerra aérea e literatura: com ensaio sobre Alfred Andersch. Tradução de Carlos Abbenseth e Frederico Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

SEBALD, Winfried Georg. Os anéis de Saturno: uma peregrinação inglesa. Tradução de José Marcos Macedo. São Paulo: Companhia das Letras, 2010a.

SEBALD, Winfried Georg. Os emigrantes: quatro narrativas longas. Tradução de José Marcos Macedo. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

SEBALD, Winfried Georg. Pátria apátrida: ensaios sobre literatura austríaca. Tradução de Telma Costa. Lisboa: Teorema, 2010b.

SEBALD, Winfried Georg. Vertigem. Sensações. Tradução de José Marcos Macedo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008b.

SEVCENKO, Nicolau. O outono dos césares e a primavera da história. Revista USP, São Paulo, n. 54, p. 30-37, 2002.

STERNBERGER, Dolf. Panorama of the Nineteenth Century. Tradução de Joachim Neugroschel. Nova York: Mole Editions, 1977.

VILA-MATAS, Enrique. Doutor Pasavento. Tradução de José Geraldo Couto. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

VILA-MATAS, Enrique. Paris não tem fim. Tradução de Joca Reiners Terron. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

WOLFF, Lynn L. W. G. Sebald’s Hybrid Poetics: Literature as Historiography. Berlim: De Gruyter, 2014.

Arquivos adicionais

Publicado

2022-09-13

Como Citar

Klein, K. F. (2022). Ler o tempo no espaço (Paris, Jacques Austerlitz, W. G. Sebald). Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 32(2). Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/37946

Edição

Seção

Dossiê: O Mito literário de Paris