O discurso melancólico nas vozes de Macabéa e Ângela Pralini

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-2096.2022.40526

Palavras-chave:

discurso, melancolia, fragmentação, Clarice Lispector

Resumo

Clarice Lispector está focada no discurso interno das personagens, um discurso melancólico que está presente nas falas de Macabéa e Ângela Pralini. Essas personagens são arrebatadas pesarosamente, com linguagem fragmentada. Enquanto a primeira faz uso de parcas palavras, a segunda fala aos borbotões. Mesmo dizendo tanto, Ângela Pralini mostra o seu desamparo existencial e o seu flerte com a morte. A ausência vocabular de Macabéa traduz o seu fracasso diante da vida, diante da sociedade. São personagens que trazem uma reflexão profunda sobre o quadro peculiar do melancólico. Nele, esse falar desvenda o mundo interior das personagens, isto é, um mundo desprovido de beleza, precário. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo principal observar/analisar o discurso melancólico dessas duas personagens clariceanas. Para esta análise, são fundamentais os estudos de Lambotte (1997, 2000), Freud (1980), Peres (2003), Scliar (2003), entre outros.

Biografia do Autor

  • Adriana Vieira de Sena, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, Rio Grande do Norte / Brasil

    Mestre e doutora em Estudos da Linguagem pela UFRN, com trabalhos dedicados ao estudo da melancolia. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Letras, atuando principalmente nos seguintes assuntos: melancolia, nação, Machado de Assis, Clarice Lispector, Lya Luft literatura brasileira, literatura masculina, feminina e Eric J. Hobsbawm e Marie-Claude Lambotte, Freud, além de outros autores que discutem os assuntos nação e melancolia. E, como experiência de docência de nível superior, tem três anos na área. Atualmente, é docente há 15 anos na Secretaria Estadual de Educação (SEEC) e há 12 anos na Secretaria Municipal de Educação (SME). Trabalhou já em colégios particulares, além de ter experiência na área de educação a distância pelo Instituo Federal do Rio Grande do Norte. Atuou como professora substituta no IFRN. 

  • Samuel Anderson de Oliveira Lima, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, Rio Grande do Norte / Brasil

    Mestre (2008) e doutor (2013) em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Realizou estágio de pós-doutorado (2019) na Universidade Federal do Ceará, tendo parte da pesquisa realizada na Universidade de Buenos Aires. É Professor Associado da UFRN, onde ministra disciplinas na área de língua e literatura espanholas na graduação em Letras-Espanhol e na área de literatura comparada no Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem. Tem experiência no ensino de línguas e literaturas brasileira e espanhola, com interesse nos seguintes temas: Barroco, Antropofagia, Melancolia, José de Anchieta, Gregório de Matos, Oswald de Andrade, Gonzalo de Berceo, Literatura Espanhola e Hispano-americana do século de ouro, Literatura brasileira, literatura espanhola medieval, poesia, teatro barroco. Foi Diretor do Instituto Ágora de outubro de 2014 a janeiro de 2019. É coordenador do Grupo de Pesquisa Ponte Literária Hispano-brasileira. Organizou a coletânea de textos "Colóquio Barroco" III (2012) e IV (2017), além dos livros "O eterno retorno do Barroco" (2014), "Saberes e sabores do Barroco" (2017), "Literatura Hispânica em pauta" (2018), "Tradição e contemporaneidade no barroco hispano-americano" (2020) e "Barroco americano: mapas para uma literatura crítica" (2022). É autor dos livros "Gregório de Matos: do Barroco à Antropofagia" (2016) e "Edifício de palavras: Gregório de Matos e seu corpus espanhol" (2017), ambos resultado de sua tese de doutoramento, publicados pela EDUFRN. Atualmente, é editor-chefe da Revista Odisseia. 

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Publicado

2023-01-03

Como Citar

O discurso melancólico nas vozes de Macabéa e Ângela Pralini. (2023). Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 32(4), 172-190. https://doi.org/10.35699/2317-2096.2022.40526