O discurso melancólico nas vozes de Macabéa e Ângela Pralini

Autores

Palavras-chave:

discurso, melancolia, fragmentação, Clarice Lispector

Resumo

Clarice Lispector está focada no discurso interno das personagens, um discurso melancólico que está presente nas falas de Macabéa e Ângela Pralini. Essas personagens são arrebatadas pesarosamente, com linguagem fragmentada. Enquanto a primeira faz uso de parcas palavras, a segunda fala aos borbotões. Mesmo dizendo tanto, Ângela Pralini mostra o seu desamparo existencial e o seu flerte com a morte. A ausência vocabular de Macabéa traduz o seu fracasso diante da vida, diante da sociedade. São personagens que trazem uma reflexão profunda sobre o quadro peculiar do melancólico. Nele, esse falar desvenda o mundo interior das personagens, isto é, um mundo desprovido de beleza, precário. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo principal observar/analisar o discurso melancólico dessas duas personagens clariceanas. Para esta análise, são fundamentais os estudos de Lambotte (1997, 2000), Freud (1980), Peres (2003), Scliar (2003), entre outros.

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Biografia do Autor

Adriana Vieira de Sena, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, Rio Grande do Norte / Brasil

Mestre e doutora em Estudos da Linguagem pela UFRN, com trabalhos dedicados ao estudo da melancolia. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Letras, atuando principalmente nos seguintes assuntos: melancolia, nação, Machado de Assis, Clarice Lispector, Lya Luft literatura brasileira, literatura masculina, feminina e Eric J. Hobsbawm e Marie-Claude Lambotte, Freud, além de outros autores que discutem os assuntos nação e melancolia. E, como experiência de docência de nível superior, tem três anos na área. Atualmente, é docente há 15 anos na Secretaria Estadual de Educação (SEEC) e há 12 anos na Secretaria Municipal de Educação (SME). Trabalhou já em colégios particulares, além de ter experiência na área de educação a distância pelo Instituo Federal do Rio Grande do Norte. Atuou como professora substituta no IFRN. 

Samuel Anderson de Oliveira Lima, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, Rio Grande do Norte / Brasil

Mestre (2008) e doutor (2013) em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Realizou estágio de pós-doutorado (2019) na Universidade Federal do Ceará, tendo parte da pesquisa realizada na Universidade de Buenos Aires. É Professor Associado da UFRN, onde ministra disciplinas na área de língua e literatura espanholas na graduação em Letras-Espanhol e na área de literatura comparada no Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem. Tem experiência no ensino de línguas e literaturas brasileira e espanhola, com interesse nos seguintes temas: Barroco, Antropofagia, Melancolia, José de Anchieta, Gregório de Matos, Oswald de Andrade, Gonzalo de Berceo, Literatura Espanhola e Hispano-americana do século de ouro, Literatura brasileira, literatura espanhola medieval, poesia, teatro barroco. Foi Diretor do Instituto Ágora de outubro de 2014 a janeiro de 2019. É coordenador do Grupo de Pesquisa Ponte Literária Hispano-brasileira. Organizou a coletânea de textos "Colóquio Barroco" III (2012) e IV (2017), além dos livros "O eterno retorno do Barroco" (2014), "Saberes e sabores do Barroco" (2017), "Literatura Hispânica em pauta" (2018), "Tradição e contemporaneidade no barroco hispano-americano" (2020) e "Barroco americano: mapas para uma literatura crítica" (2022). É autor dos livros "Gregório de Matos: do Barroco à Antropofagia" (2016) e "Edifício de palavras: Gregório de Matos e seu corpus espanhol" (2017), ambos resultado de sua tese de doutoramento, publicados pela EDUFRN. Atualmente, é editor-chefe da Revista Odisseia. 

Referências

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Publicado

2023-01-03

Como Citar

Sena, A. V. de, & Lima, S. A. de O. (2023). O discurso melancólico nas vozes de Macabéa e Ângela Pralini. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 32(4), 172–190. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/40526