Tradução como método de “Disothering”

para além do colonial e do especismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-2096.2020.20567

Palavras-chave:

desoutrização, decolonialidade, Unheimlich, tradução decolonial

Resumo

O artigo apresenta uma reflexão sobre a necessidade de se pensar um modelo cultural anti- e decolonial. Para tanto ele se estrutura a partir de uma reflexão sobre a tradução e mais especificamente a partir de um modelo que o autor propõe tratar como sendo de tradução Disothering/desoutrizadora. A partir da dicotomia epistemológica e existencial entre os polos do eu-outro, o autor afirma que na cultura colonial o outrificado perde a possibilidade de ser e de ter um eu. A colonialidade só pode ser entendida no contexto econômico e da violência dominadora que se reproduz em termos de violência contra outras etnias não metropolitanas e contra o que é sentido como ameaça ao falocentrismo. A tradução Disothering, ou seja, a prática cultural pensada como desoutrizadora, visa reverter esse processo violento de anulação e aniquilação do outro, criando uma ética inclusiva e autenticamente dialógica, decolonial, não especista, não falocêntrica e não antropocêntrica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Eudoro de Sousa. 7. ed. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2003.

BEAUZÉE, N. Língua. In: DIDEROT, Denis; D’ALEMBERT Jean le Rond. Enciclopédia: O sistema dos conhecimentos. São Paulo: Editora UNESP, 2015. p. 372-381.

BENJAMIN, Walter. Gesammelte Schriften: v. IV: Kleine Prosa. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 1972.

BENJAMIN, Walter. Gesammelte Schriften: v. V: Das Passagen-Werk. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 1982.

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. v. I: Magia e técnica, arte e política. Tradução de S.P. Rouanet. Revisão técnica Márcio Seligmann-Silva. São Paulo: Brasiliense, 2012.

BERMAN, Antoine. L‘Épreuve de l‘étranger: Culture et traduction dans l’Allemagne romantique. Paris: Gallimard, 1984.

BERNARDINO-COSTA, Joaze. Decolonialidade, Atlântico Negro e intelectuais negros brasileiros: em busca de um diálogo horizontal. Revista Sociedade e Estado, Brasília, v. 33, n. 1, p. 119-137, jan./abr. 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/s0102-699220183301005.

CHAKRABARTY, Dipesh. Provincializing Europe: Postcolonial Thought and Historical Difference. Princeton: Princeton University Press, 2007. DOI: https://doi.org/10.1515/9781400828654.

DERRIDA, Jacques. Positions. Paris: Les Éditions de Minuit, 1972.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Tradução de Renato da Silveira. Salvador: UFBA, 2008. DOI: https://doi.org/10.7476/ 9788523212148.

FAROCKI, Harun. Desconfiar de las imagenes. Buenos Aires: Caja Negra, 2013.

FREUD, S. Das Unheimlich. In: ______. Freud-Studienausgabe. Frankfurt/M.: Fischer Verlag, 1970. v. IV, p. 241-274.

FREUD, S. Mal-estar na cultura. Tradução de Renato Zwick. Revisão técnica Márcio Seligmann-Silva. Porto Alegre: L&PM, 2010.

FREUD, S. Massenpsychologie und Ich-Analyse. Viena: Internationaler Psychoanalitischer Verlag, 1921.

GIRARD, René. La violence et le sacré. Paris: Éditions Bernard Grasset, 1972.

HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Org. Liv Sovik. Trad. Adelaine La Guardia Resende, Ana Carolina Escosteguy, Claudia Alvares, Francisco Rudiger e Sayonara Amaral.. Belo Horizonte: Humanistas, 2003.

JONAS, Hans. O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Tradução de M. Lisboa e L. Montez. Rio de Janeiro: Editora PUC Rio, 2006.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

KILOMBA, Grada. Plantation Memories: Episodes of Everyday Racism. 5. ed. Münster: Unrast-Verlag, 2019a.

KOPENAWA, D. ALBERT, B. A queda do céu. Palavras de um xamã yanomami. Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

KRENAK, Ailton. A vida não é útil. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

LACOUE-LABARTHE, Philippe; NANCY, Jean-Luc. O mito nazista. Tradução de Márcio Seligmann-Silva. São Paulo: Iluminuras, 2002.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Saudades do Brasil. Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

MBEMBE, Achille. Crítica da Razão negra. Tradução de Marta Lança. 2. ed. Lisboa: Antígona Editores Refractários, 2017.

NASCIMENTO, Abdias. O genocídio negro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva, 2016.

NDIKUNG, Bonaventure Soh Bejeng. Des-outrização como método: Leh zo, a me ken de za. In: 21ª Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil: Comunidades imaginadas. São Paulo: Videobrasil; Edições Sesc, 2019. (Catálogo de exposição).

NOVALIS, Schriften. Werke, Tagebücher und Briefe Friedrich von Hardenbergs. Edição de Hans-Joachim Mähl e R. Samuel. München: Carl Hanser Verlag, 1978. v. II.

OSMO, Alan. O testemunho de Maryan: Limites e possibilidades na expressão do trauma. São Paulo: Benjamin Editorial, 2018.

SCHLEGEL, Friedrich. Kritische Friedrich-Schlegel-Ausgabe. Organização de Ernst Behler. München: Verlag Ferdinand Schöningh, 1963. v. XVIII.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. “Alles ist Samenkorn”: O germanista Haroldo de Campos. Revista Transluminura, São Paulo, n. 1 p. 137-158, 2013.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. “Eu é um outro”: A tradução como criação do próprio e encontro festivo. Santa Barbara Portuguese Studies. Santa Barbara, v. 3, s./n., s./p., 2019.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. Ler o livro do mundo: Walter Benjamin romantismo e crítica poética. 2. ed. São Paulo: Iluminuras, 2020.

SPIVAK, G. Pode o subalterno falar?. Trad. Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa e André Pereira Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010.

VENUTI, Lawrence. Escândalos da tradução. Tradução de Laureano Pelegrin, Lucinéia Marcelino Villela, Marileide Dias Esqueda, Valéria Biondo. Bauru: EDUSC, 2002.

WINCKELMANN, Johann Joachim. Von der Nachahmung der griechischen Werke in der Malerei und Bildhauerkunst. In: WINCKELMANN, Johann Joachim; MENGS, Anton Raphael; HEINSE, Wilhelm. Frühklassizismus. Frankfurt a.M.: Deutsche Klassiker Verlag, 1995.

WINCKELMANN, Johann Joachim. Reflexões sobre a Arte Antiga. Tradução de Herbert Caro e Leonardo Tochtrop. Porto Alegre: Movimento, 1975.

Downloads

Publicado

2020-12-22

Como Citar

Seligmann-Silva, M. (2020). Tradução como método de “Disothering”: para além do colonial e do especismo. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 30(4), 19–42. https://doi.org/10.35699/2317-2096.2020.20567

Edição

Seção

Dossiê – Ética na tradução literária