Outras ilhas, outros desertos

a virada negativa dos espaços desabitados

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.26288

Palavras-chave:

distopia, narrativas pós-apocalípticas, Robinson Crusoé, A ilha do Dr. Moreau, A estrada

Resumo

O espaço desabitado desempenha um papel importante no imaginário moderno. Seu fascínio deriva do maravilhamento dos primeiros viajantes europeus a entrarem em contato com o Novo Mundo, e ele encontra uma de suas manifestações mais paradigmáticas na ilha deserta de Robinson Crusoé. Originalmente um espaço de abundância em que o indivíduo encontra uma oportunidade aparentemente ilimitada de se expandir, ele surge, no final do século XIX, como um território controlado e sombrio, de contornos distópicos. Neste artigo, discuto de que modos se dá essa virada negativa do espaço desabitado, primeiro em A ilha do Dr. Moreau (1896), de H. G. Wells, e depois no romance pós-apocalíptico A estrada (2006), de Cormac McCarthy. Desse modo, pretendo mostrar como a imagem do espaço desabitado se apresenta em diferentes momentos da modernidade e como ela está ligada à maneira como pensamos nossa posição no mundo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

André Cabral de Almeida Cardoso, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, Rio de Janeiro / Brasil

Professor adjunto

Departamento de Letras Estrangeiras Modernas

Instituto de Letras

Universidade Federal Fluminense

Referências

ARMSTRONG, Nancy. How Novels Think: The Limits of Individualism from 1719-1900. Nova York: Columbia University Press, 2005.

BOOKER, M. Keith. The Dystopian Impulse in Modern Literature: Fiction as Social Criticism. Westport, CT: Greenwood Press, 1994.

BOTTING, Fred. Gothic. Londres: Routledge, 2005. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203993767.

CLAEYS, Gregory. The Origins of Dystopia: Wells, Huxley and Orwell. In: ______. The Cambridge Companion to Utopian Literature. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. p. 107-131. DOI: https://doi.org/10.1017/CCOL9780521886659.005.

DEFOE, Daniel. Robinson Crusoe. 2. ed. Nova York: W. W. Norton, 1994. (Norton Critical Edition).

DOWNIE, Alan. Robinson Crusoe’s Eighteenth-Century Contexts. In: SPAAS, Lieve; STIMPSON, Brian (org.). Robinson Crusoe: Myths and Metamorphoses. Basingstoke, UK: Palgrave Macmillan; Nova York: St. Martin’s Press, 1996. p. 13-27. DOI: https://doi.org/10.1007/978-1-349-13677-3_2.

FRANÇA, Júlio. O Gótico e a presença fantasmagórica do passado. In: ENCONTRO ABRALIC, XV., 2016, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2016. v. 1, p. 2492-2502.

FUCHS, Barbara. Conquering Islands: Contextualizing The Tempest. In: SHAKESPEARE, William. The Tempest. Nova York: W. W. Norton, 2004. p. 265-285. (Norton Critical Edition).

GREENBLATT, Stephen. Marvelous Possessions: The Wonder of the New World. Chicago: The University of Chicago Press, 1991. DOI: https://doi.org/10.7208/chicago/9780226306575.001.0001.

HICKS, Heather J. The Post-Apocalyptic Novel in the Twenty-First Century: Modernity Beyond Salvage. Basingstoke, UK: Palgrave Macmillan, 2016. DOI: https://doi.org/10.1057/9781137545848.

HURLEY, Kelly. The Gothic Body: Sexuality, Materialism, and Degeneration at the fin de siècle. Cambridge: Cambridge University Press, 1996. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511519161.

MCCARTHY, Cormac. A estrada. Tradução de Adriana Lisboa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. E-book.

MCCARTHY, Cormac. The Road. Nova York: Alfred A. Knopf, 2006.

PUNTER, David. The Literature of Terror: The Gothic Tradition. 2. ed. Londres: Routledge, 2013. v. 1.

PUNTER, David; BYRON, Glennis. The Gothic. Malden, MA: Blackwell, 2004.

SARGENT, Lyman Tower. The Three Faces of Utopianism Revisited. Utopian Studies, [S.l.], v. 5, n. 1, p. 1-37, 1994. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/20719246. Acesso em: 30 nov. 2010.

SCHÄFER, Martin. The Rise and Fall of Antiutopia: Utopia, Gothic Romance, Dystopia. Science Fiction Studies, [S.l.], v. 6, n. 3, p. 287-295, 1979. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/4239285. Acesso em: 21 jun. 2014.

SHAKESPEARE, William. The Tempest. Nova York: W. W. Norton, 2004. (Norton Critical Edition).

SHOWALTER, Elaine. The Apocalyptic Fables of H. G. Wells. In: STOKES, John (org.). Fin de Siècle/Fin du Globe: Fears and Fantasies of the Late Nineteenth Century. [S.l.]: Palgrave Macmillan, 1992. p. 69-84. DOI: https://doi.org/10.1007/978-1-349-22421-0_5.

THACKER, Eugene. In the Dust of This Planet: Horror of Philosophy. Winchester, UK: Zero Books, 2015. v. 1. E-book.

VASCONCELOS, Sandra Guardini. Robinson Crusoe in the South Atlantic. Aletria: Revista de Estudos de Literatura, Belo Horizonte, v. 31, n. 2, 2021.

WATT, Ian. The Rise of the Novel: Studies in Defoe, Richardson and Fielding. Harmondsworth, UK: Penguin, 1972.

WELLS, Herbert George. The Island of Dr. Moreau. Nova York: Bantam, 1994.

Downloads

Publicado

2021-06-30

Como Citar

Cardoso, A. C. de A. (2021). Outras ilhas, outros desertos: a virada negativa dos espaços desabitados. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 31(2), 137–160. https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.26288

Edição

Seção

Dossiê: “Robinson Crusoé”: Um percurso de três séculos