Telégrafo e fonógrafo: metáforas modernas da fragmentação em António Nobre e Camilo Pessanha

Auteurs

  • Bruno Anselmi Matangrano Universidade de São Paulo

DOI :

https://doi.org/10.17851/2317-2096.26.3.273-291

Mots-clés :

modernidade, fragmentação do sujeito, arte e tecnologia, simbolismo, fragmentação da percepção

Résumé

A partir da obra Os meios de comunicação como extensões do homem (1964), de Marshall McLuhan, o presente artigo pretende demonstrar como a noção de fragmentação da informação suscitada pelas inovações tecnológicas do século XIX – particularmente, pelo advento do fonógrafo e do telégrafo – se relaciona com as mudanças no comportamento humano, sobretudo no que diz respeito à própria percepção de si, e como esta nova percepção se manifesta nas novas formas artísticas oitocentistas que marcam o início da Modernidade, em especial, no simbolismo e no impressionismo. Em seguida, para demonstrar esta teoria, são analisados dois poemas simbolistas: o soneto 12, de António Nobre, centrado na imagem do telégrafo, e “Fonógrafo”, de Camilo Pessanha, através dos quais se espera mostrar como estas duas invenções modernas podem ser lidas como síntese metafórica da fragmentação do sujeito poético, manifesta por imagens, sintaxe e ritmo igualmente fragmentados, resultantes das mudanças de paradigmas artísticos, suscitados, por sua vez, pela mudança da percepção provocada pelas inovações tecnológicas.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur

Bruno Anselmi Matangrano, Universidade de São Paulo

Mestre em Letras (Literatura Portuguesa) e Bacharel em Letras Português-Francês pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da Universidade de São Paulo (USP), onde estudou, entre o segundo semestre de 2008 e o primeiro semestre de 2011, a poesia de Cruz e Sousa e a de Camilo Pessanha, em nível de Iniciação Científica, sob orientação da Professora Doutora Annie Gisele Fernandes, e com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e entre 2011 e 2013 a poesia de Camilo Pessanha, Paul Verlaine e Stéphane Mallarmé, também com apoio da FAPESP. Atualmente, é Doutorando em Letras (Literatura Portuguesa), sob orientação de Annie Gisele Fernandes, na mesma instituição. Tem sua pesquisa de doutorado apoiada pelo CNPq. É membro do Grupo de Pesquisa "Poem - Poéticas e Éticas da Modernidade" e do "LEPEM - Laboratório de Estudos de Poéticas e Ética na Modernidade", além de ser editor da Revista "Desassossego", revista do Programa de Pós-Graduação em Literatura Portuguesa da FFLCH-USP, e da Revista "Non Plus", revista discente do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, Literários e tradutológios em francês da FFLCH-USP. Possui ainda contos publicados em antologias e organizou antologias de autores contemporâneos. Em 2014, publicou "Contos para uma Noite Fria", seu primeiro livro.

Références

AGAMBEN, Giorgio. Ideia da prosa. Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

BAUDELAIRE, Charles. Les paradis artificiels. Edição de Claude Pichois. Paris: Gallimard, 2009.

BAUDELAIRE, Charles. Sobre a modernidade. Tradução de Teixeira Coelho. 6. ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1996.

COSTA, Ivani Ferreira Dias Meneses. António Nobre e a memória como reconstrução poética. 2006. 118 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

FERNANDES, Annie Gisele. A experiência do contar e a questão da identidade na poesia de António Nobre. In: BUENO, Aparecida de Fátima et al. Literatura portuguesa: história, memória e perspectivas. São Paulo: Alameda, 2007. p. 135-146.

FERNANDES, Annie Gisele; GARMES, Hélder. Apresentação. In: NOBRE, Antônio. Só (seguido de Despedidas). Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2009.

GOMES, António Martins. Às armas: o republicanismo na literatura portuguesa entre o 31 de janeiro e o 5 de outubro. 2006. 381 f. Tese (Doutorado em Estudos Anglo-Portugueses) – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2006.

HOBSBAWN, Eric J. A era das revoluções: Europa 1789-1848. Tradução de Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos Penchel. 20. ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2006.

MALLARMÉ, Stéphane. Œuvres complètes. Edição e notas de Henri Mondor e G. Jean-Aubry. Paris: Gallimard, 1974.

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. Tradução de Décio Pignatari. São Paulo: Cultrix, 1969.

NOBRE, Antônio. Só (seguido de Despedidas). Apresentação e notas de Annie Gisele Fernandes e Helder Garmes. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2009.

PESSANHA, Camilo. Clepsidra. Organização, apresentação e notas de Paulo Franchetti. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2009.

RUBIM, Gustavo. Mudar o registo – da fonografia considerada do ponto de vista poético. Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Lisboa, Colibri, n. 15, p. 139-151, 2003.

SANTOS, Gilda. Clepsidra, uma via de leitura. In: SANTOS, Gilda; LEAL, Izabela. Camilo Pessanha em dois tempos. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007.

SPAGGIARI, Barbara. O simbolismo na obra de Camilo Pessanha. Tradução de Carlos Moura. Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1982. (Biblioteca Breve, 66).

Téléchargements

Fichiers supplémentaires

Publiée

2017-04-25

Comment citer

Matangrano, B. A. (2017). Telégrafo e fonógrafo: metáforas modernas da fragmentação em António Nobre e Camilo Pessanha. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 26(3), 273–291. https://doi.org/10.17851/2317-2096.26.3.273-291