Telégrafo e fonógrafo: metáforas modernas da fragmentação em António Nobre e Camilo Pessanha
DOI :
https://doi.org/10.17851/2317-2096.26.3.273-291Mots-clés :
modernidade, fragmentação do sujeito, arte e tecnologia, simbolismo, fragmentação da percepçãoRésumé
A partir da obra Os meios de comunicação como extensões do homem (1964), de Marshall McLuhan, o presente artigo pretende demonstrar como a noção de fragmentação da informação suscitada pelas inovações tecnológicas do século XIX – particularmente, pelo advento do fonógrafo e do telégrafo – se relaciona com as mudanças no comportamento humano, sobretudo no que diz respeito à própria percepção de si, e como esta nova percepção se manifesta nas novas formas artísticas oitocentistas que marcam o início da Modernidade, em especial, no simbolismo e no impressionismo. Em seguida, para demonstrar esta teoria, são analisados dois poemas simbolistas: o soneto 12, de António Nobre, centrado na imagem do telégrafo, e “Fonógrafo”, de Camilo Pessanha, através dos quais se espera mostrar como estas duas invenções modernas podem ser lidas como síntese metafórica da fragmentação do sujeito poético, manifesta por imagens, sintaxe e ritmo igualmente fragmentados, resultantes das mudanças de paradigmas artísticos, suscitados, por sua vez, pela mudança da percepção provocada pelas inovações tecnológicas.
Téléchargements
Références
AGAMBEN, Giorgio. Ideia da prosa. Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
BAUDELAIRE, Charles. Les paradis artificiels. Edição de Claude Pichois. Paris: Gallimard, 2009.
BAUDELAIRE, Charles. Sobre a modernidade. Tradução de Teixeira Coelho. 6. ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1996.
COSTA, Ivani Ferreira Dias Meneses. António Nobre e a memória como reconstrução poética. 2006. 118 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
FERNANDES, Annie Gisele. A experiência do contar e a questão da identidade na poesia de António Nobre. In: BUENO, Aparecida de Fátima et al. Literatura portuguesa: história, memória e perspectivas. São Paulo: Alameda, 2007. p. 135-146.
FERNANDES, Annie Gisele; GARMES, Hélder. Apresentação. In: NOBRE, Antônio. Só (seguido de Despedidas). Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2009.
GOMES, António Martins. Às armas: o republicanismo na literatura portuguesa entre o 31 de janeiro e o 5 de outubro. 2006. 381 f. Tese (Doutorado em Estudos Anglo-Portugueses) – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2006.
HOBSBAWN, Eric J. A era das revoluções: Europa 1789-1848. Tradução de Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos Penchel. 20. ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2006.
MALLARMÉ, Stéphane. Œuvres complètes. Edição e notas de Henri Mondor e G. Jean-Aubry. Paris: Gallimard, 1974.
MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. Tradução de Décio Pignatari. São Paulo: Cultrix, 1969.
NOBRE, Antônio. Só (seguido de Despedidas). Apresentação e notas de Annie Gisele Fernandes e Helder Garmes. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2009.
PESSANHA, Camilo. Clepsidra. Organização, apresentação e notas de Paulo Franchetti. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2009.
RUBIM, Gustavo. Mudar o registo – da fonografia considerada do ponto de vista poético. Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Lisboa, Colibri, n. 15, p. 139-151, 2003.
SANTOS, Gilda. Clepsidra, uma via de leitura. In: SANTOS, Gilda; LEAL, Izabela. Camilo Pessanha em dois tempos. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007.
SPAGGIARI, Barbara. O simbolismo na obra de Camilo Pessanha. Tradução de Carlos Moura. Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1982. (Biblioteca Breve, 66).
Téléchargements
Fichiers supplémentaires
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés Bruno Anselmi Matangrano (Autor) 2017
Ce travail est disponible sous la licence Creative Commons Attribution 4.0 International .
Authors who publish with this journal agree to the following terms:Authors retain copyright and grant the journal right of first publication with the work simultaneously licensed under a Creative Commons Attribution Non-Commercial No Derivatives License that allows others to share the work with an acknowledgement of the work's authorship and initial publication in this journal.Authors are able to enter into separate, additional contractual arrangements for the non-exclusive distribution of the journal's published version of the work (e.g., post it to an institutional repository or publish it in a book), with an acknowledgement of its initial publication in this journal.Authors are permitted and encouraged to post their work online (e.g., in institutional repositories or on their website) prior to and during the submission process, as it can lead to productive exchanges, as well as earlier and greater citation of published work (See The Effect of Open Access).