Uma literatura militante: sobre a correlação de movimento indígena e literatura indígena brasileira contemporânea

Autores

  • Leno Francisco Danner Universidade Federal de Rondônia
  • Julie Dorrico Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
  • Fernando Danner Universidade Federal de Rondônia

DOI:

https://doi.org/10.17851/2317-2096.28.3.163-181

Palavras-chave:

literatura indígena, movimento indígena, crítica do presente, xamanismo, David Kopenawa Yanomani, militância

Resumo

Desde fins de 1970, lideranças, intelectuais e comunidades indígenas organizaram-se em torno do movimento indígena, que congregou povos tradicionais do Brasil e da região amazônica (Venezuela, Equador, Peru, Colômbia, Bolívia), unificando e politizando sua luta, dando-lhe alcance internacional. Nesse contexto, emerge gradativamente a literatura indígena como arena e instrumento de defesa, promoção e publicização desse movimento, e como forma de autoexpressão e autoafirmação, através do relato da condição de exclusão, marginalização e violência sofridas por esses povos. Neste artigo, argumentaremos que a literatura produzida por eles alia-se diretamente ao movimento indígena, de modo a constituir um eu-nós lírico-político ativista, militante e engajado que funda e dinamiza uma voz-práxis política-politizante, carnal e vinculada, que parte da tradição ancestral, comunitária e xamânica e chega à crítica do presente, consolidando a figura do intelectual indígena como sujeito político que publiciza o próprio movimento indígena.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Leno Francisco Danner, Universidade Federal de Rondônia

Doutor em Filosofia (PUC-RS). Professor de Filosofia e de Sociologia do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

Julie Dorrico, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Doutoranda em Teoria Literária pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Mestre em Estudos Literários e Licenciada em Letras Português e suas respectivas Literaturas pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

Fernando Danner, Universidade Federal de Rondônia

Doutor em Filosofia (PUCRS). Professor de Filosofia no Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

Referências

BANIWA, Gersem dos Santos Luciano. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.

CLASTRES, Pierre. Arqueologia da violência: ensaios de antropologia política. São Paulo: Brasiliense, 1982.

JECUPÉ, Kaká Werá. Oré Awé Roiru’a Ma: todas as vezes que dissemos adeus. São Paulo: TRIOM, 2002.

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Comp das Letras, 2015.

KRENAK, Ailton. Ailton Krenak. Organização de Sergio Cohn e Idjahure Kadiwel. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2017.

KRENAK, Ailton. Encontros. Organização de Sergio Cohn. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2015.

MUNDURUKU, Daniel. Memórias de índio: uma quase autobiografia. Porto Alegre: EDELBRA, 2016.

MUNDURUKU, Daniel. Mundurukando II: roda de conversa com educadores. Lorena: UK’A Editorial, 2017.

MUNDURUKU, Daniel. O caráter educativo do movimento indígena brasileiro (1970-1990). São Paulo: Paulinas, 2012.

POTIGUARA, Eliane. Metade cara, metade máscara. São Paulo: Global, 2004.

TUKANO, Álvaro. Álvaro Tukano. Organização de Sergio Cohn e Idjahure Kadiwel. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2017.

VALENTE, Rubens. Os fuzis e as flechas: história de sangue e resistência indígena na ditadura. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

WERÁ, Kaká. Kaká Werá. Organização de Sergio Cohn e Idjahure Kadiwel. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2017.

WERÁ, Kaká. O trovão e o vento: um caminho de evolução pelo xamanismo tupi-guarani. São Paulo: Polar, 2016.

Downloads

Publicado

2018-10-15

Como Citar

Danner, L. F., Dorrico, J., & Danner, F. (2018). Uma literatura militante: sobre a correlação de movimento indígena e literatura indígena brasileira contemporânea. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 28(3), 163–181. https://doi.org/10.17851/2317-2096.28.3.163-181