Aracnologias - As tecituras de Penélope
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096...97-108Palavras-chave:
literaturas em língua inglesa, gênero, psicanálise, Literatures in English, gender, psychoanalysis.Resumo
Resumo: Análise da personagem Penélope, de Homero, e a transformação ousada de Joyce dessa representação clássica da fidelidade feminina em Molly Bloom, a esposa infiel, sexualizada, trivial, lírica. Essas duas personagens são comparadas com sua mais recente recriação em The Penelopiad (2005), da escritora canadense Margaret Atwood. Uma importante categoria analítica dos estudos feministas e de gênero, a questão da voz é enfatizada na presente análise; essa personagem feminina é objeto da narrativa masculina (A Odisseia e Ulisses), mas no romance de Atwood essa personagem é sujeito de sua narrativa, elaborando uma tecitura “penelopeana” transgressora da versão clássica. Focalizaremos também o poder do silêncio na narrativa de autoria feminina, através do monólogo interior de Molly e da voz que fala do mundo dos mortos em The Penelopiad. Os conceitos de “abjeto” e “linguagem semiótica” de Kristeva são base para nosso trabalho, o qual problematiza a aparente imagem de passividade dessas mulheres que buscam o controle sobre suas vidas.
Palavras-Chave: literaturas em língua inglesa; gênero; psicanálise.
Abstract: Analysis of Homer’s Penelope and Joyce’s daring transformation of the classical personification of woman’s quintessential loyal wife into the unfaithful, earthly, sexualized, trivial, lyrical, Molly Bloom. These two characters will be compared with a more contemporary recreation: Margaret Atwood’s, in the novel The Penelopiad (2005). An important category for feminist and gender studies, voice/voicelessness is emphasized in our analysis; this female character, is both object of male-authored fiction (The Odyssey and Ulysses), and subject of the (un)weaving of a transgressive Penelopean “textile” (The Penelopiad). We also focus on the empowerment of “silence” in female narrative, through Molly´s interior monologue and Atwood’s Penelope, who speaks from the underworld. Kristeva’s concepts of the “abject” and “semiotic language” inform our analysis, which counters the image of passivity of these apparently mute women, who nevertheless retain control over their lives.
Keywords: Literatures in English; gender; psychoanalysis.
Downloads
Referências
ATWOOD, M. The Penelopiad. Edingurgh: Canongate, 2005.
AUSTEN, J. (1814). Mansfield Park. 4end ed. London: Colins, 1964.
BRENNAN, T. (Ed.). Between Feminism and Psychoanalysis. London: Routledge, 1989.
CASTELLO BRANCO, L.; BRANDÃO R. S. A mulher escrita. 2. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 1989.
CIXOUS, H. The Laugh of the Medusa. In: WARHOL, R.; HERNDL, D. Feminisms. News Brunswick: Rutgers University Press, 1997. p. 347-362.
ELLMAN. R. Ulysses on the Liffey. London: Faber & Faber, 1974.
ELLMAN. R. The Consciousness of Joyce. New York: Oxford Univ. Press, 1977.
FREUD, S. Femininidade. In: ______. Obras completas de Sigmund Freud – Tomo X. Trad. Odilon Galotti, Isaac Izecksohn e Gladston e Parente. Rio de Janeiro: Delta, [s.d.]. p. 117-141.
GILBERT, S. James Joyce's Ulysses. 4. ed. New York: Vintage Books, 1958.
HARPER, K. J. When Women Were Priests. São Francisco: Harper San Francisco, 1995.
HOMER. The Odyssey. In: The complete works of Homer, New York: The Modern Library.
JOYCE, J. Ulisses. Trad. A. Houaiss. São Paulo: Editora Abril, 1980.
KRISTEVA, J. Women’s time. In: WARHOL, R.; HERND, D. (Ed.). Feminisms. An anthology of literary theory and criticism. New Brunswick: Rutgers University Press, 1997. p. 860-79.
KRISTEVA, J. An Essay on Objection.//social.chars.ncsu.edu/wyrick/debclass/krist–fev. 2004.
LEMAIRE, A. Introdução a Lacan. Trad. Durval Chechinato. Rio de Janeiro: Campus Editora, 1979.
LIMA, L. C. História, ficção, literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
MCMULLEN, L. Same old Penelope: Feminist Analysis of Molly’s Soliloquy in Ulysses. Disponível em: www.publications.villanova.edu/Concept/2005. Acesso em: 16 dez. 2007.
MILLER, N. Arachnologies: The Woman, the Text, and the Critic. In: MILLER, N. (Ed.). The Poetics of Gender. New York: Columbia University Press, 1986. p. 270-95.
MOI, T. (Ed.). The Kristeva Reader. Oxford: Basil Blackwell, 1986.
NYE, E. Teoria feminista e as filosofias do homem. Trad. Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1988.
PLATE, L. Is Contemporary Women’s Writing Computational? Unraveling Twenty-first Century Creativity with Penelope at her Loom. Contemporary Women’s Writing, v. I, n. 1/2, p. 45-53, December, 2007.
ROISMAN, H. M. Penelope’s Indignation. Transactions of the American Philological Association, v. 117, p. 59-58, 1987.
STONE, Merlin. When God was a Woman. London/New York: Harcurt Inc., 1976.
WOOLF, V. Um teto todo seu. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2009 Cristina Stevens (Autor)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja The Effect of Open Access).