A mudança da esfera pública brasileira na “Teoria do medalhão”, de Machado de Assis
DOI:
https://doi.org/10.35699/2317-2096.2021.29678Palavras-chave:
Machado de Assis, esfera pública, ornamentação, ironia, teoria críticaResumo
A partir do conto “Teoria do medalhão”, enfrento três interpretações correntes sobre a obra machadiana – de uma obra que ironiza criticamente as relações baseadas na hierarquia, escravidão e troca de favores, como lê Roberto Schwarz, ou de uma obra que ironiza o ser humano cinicamente, assim Alfredo Bosi, ou tragicamente, assim Rogério de Almeida. Argumento que o conto retrata a função de ornamentação da esfera pública brasileira no momento importante da reconfiguração de uma sociedade rural e estratificada em uma urbana e massificada, como anunciava o movimento republicano. E que a ironia machadiana tem em vista o potencial transformador de uma esfera pública culta, racional e não ornamental, ainda que subalterna, presente na literatura.
Downloads
Referências
ALMEIDA, Rogério de. O imaginário trágico de Machado de Assis: elementos para uma pedagogia da escolha. 2. ed. São Paulo: FEUSP, 2020.
ASSIS, Machado de. “Teoria do medalhão”. In: ASSIS, Machado de. Obra completa em quatro volumes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008a. v. 2. p. 270-275.
ASSIS, Machado de. Cartas fluminenses. In: ASSIS, Machado de. Obra completa em quatro volumes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008b. v. 3. p. 1164-1171.
ASSIS, Machado de. A reforma pelo jornal. In: ASSIS, Machado de. Obra completa em quatro volumes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008c. v. 3. p. 1035-1036.
ASSIS, Machado de. História de quinze dias. In: ASSIS, Machado de. Obra completa em quatro volumes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008d. v. 4. p. 301-396.
ASSIS, Machado de. Notas semanais. In: ASSIS, Machado de. Obra completa em quatro volumes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008e. v. 4. p. 405-473.
BOSI, Alfredo. A escravidão entre dois liberalismos. In: ASSIS, Machado de. Dialética da colonização. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 194-245.
BOSI, Alfredo. A máscara e a fenda. In: BOSI, Alfredo. Machado de Assis: o enigma do olhar. 1. ed. São Paulo: Ática, 2003. p. 73-126.
CARREIRO, Jason Manuel. Relações intertextuais entre Machado de Assis e Nietzsche. Germina, [S. l.] v. 2, n. 3, jul./ago. 2006.
CARVALHO, José Murilo. A formação das almas: o imaginário da república no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
CEI, Vitor. A voluptuosidade do nada: niilismo e galhofa em Machado de Assis. São Paulo: Annablume, 2016.
DILTHEY, Wilhelm. A construção do mundo histórico nas ciências humanas. Tradução: Marco Casanova. São Paulo: Editora UNESP, 2010.
GADAMER, Hans-Georg. Wahrheit und Methode: Grundzüge einer philosophischen Hermeneutik. 6. Aufl. J. C. B. Mohr (Paul Siebeck): Tübingen, Band 1, 1990.
HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública: investigações sobre uma categoria da sociedade burguesa. Tradução de Denilson Luis Werle. São Paulo: Editora UNESP, 2011.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26. ed. 19. reimp. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
MELLO, Maria Tereza Chaves de. A república consentida: cultura democrática e científica do final do Império. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.
MILL, John Stuart. Sobre a liberdade. Tradução: Denise Bottmann. Porto Alegre: L&PM, 2016.
NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral: uma polêmica. Tradução: Paulo César de Souza. 6. reimp. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
PEREIRA, Cilene Margarete. “Teoria do medalhão”: o príncipe, de Machado de Assis (e suas repercussões). Revista Língua & Literatura, Francisco Westphalen, v. 35, n. 20, p. 150-164, jan./jun. 2018. ISSN: 1984-381X.
PERLATTO, Fernando. Seletividade da esfera pública e esferas públicas subalternas: disputas e possibilidades na modernização brasileira. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, v. 23, n. 53, 121-145, mar. 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/1678-987315235307.
SCHWARZ, Roberto. As ideias fora de lugar. In: SCHWARZ, Roberto. As ideias fora de lugar: ensaios selecionados. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. p. 47-64.
SCHWARZ, Roberto. Machado de Assis: um debate. Novos estudos CEBRAP, São Paulo, n. 29, p. 59-84, mar. 1991.
TOCQUEVILLE, Alexis de. État social et politique de la France avant et depuis 1789. In: TOCQUEVILLE, Alexis de. Organização: André Jardin. Œuvres. Paris: Gallimard, 2004. v. 3, p. 3-40.
TURNER, Victor W. O processo ritual: estrutura e antiestrutura. Tradução: Nancy Campi de Castro. Petrópolis: Vozes, 1974.
VASSOLER, Flávio Ricardo. Discurso sobre o método poético: o medalhão enigmático no tapete. Machado de Assis em linha, São Paulo, v. 8, n. 15, p. 55-75, jun. 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/1983-
WERLE, Denilson Luis. Razão e democracia: uso público da razão e política deliberativa em Habermas. Trans/Form/Ação, Marília, v. 36,
n. 1, p. 149-176, 2013. Edição especial. DOI: https://doi.org/10.1590/ S0101-31732013000400010.
WITTGENSTEIN, Ludwig. Über Gewißheit. Herausgeber: G. E. M. Anscombe und G. H. von Wright. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1970.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Felipe Moralles e Moraes (Autor)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja The Effect of Open Access).