Do animal à alga
o devir-escritor de Benno von Archimboldi
DOI:
https://doi.org/10.35699/2317-2096.2024.49292Palavras-chave:
Roberto Bolaño, 2666, devir-animal, devir-vegetal, EscrituraResumo
Este artigo estuda como a personagem Hans Reiter, ou Benno von Archimboldi, torna-se escritor mediante o devir-animal e o devir-vegetal. Considerando que Bolaño inseriu sua personagem no contexto das catástrofes do século XX, advogamos que a experiência da brutalidade promove uma “desumanização” de Reiter, que caracteriza uma experiência de vida precária que se torna fundamental para sua futura profissão de escritor. Em seguida, postulamos que, através da literatura, Reiter, já como Archimboldi, percorre o devir-vegetal, identificando-se com a alga como um ser que sobrevive à submersão e encarna a exposição como condição essencial da vida. Finalmente, concluímos que Bolaño demonstra uma intuição acerca do devir-escritor no contexto da catástrofe, que corresponde a uma concepção da escritura como supervivência e mais-valia de vida, a exemplo da plasticidade animal e vegetal.
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