O BRASIL DIVIDIDO E A REDE URBANA FRACIONADA

Autores

  • Ralfo Matos

DOI:

https://doi.org/10.29327/249218.8.8-7

Palavras-chave:

Rede urbana, desigualdades socioespaciais, regionalização, Brasil

Resumo

Nesse trabalho procurou-se analisar a rede de localidades urbanas de máxima centralidade, utilizando-se de dados demográficos, que, em alguma medida, introduzissem evidências sobre fluxos migratórios, crescimento populacional, ocupação e renda da PEA. Com isso pôde-se estabelecer uma proposta de rede, cuja consistência encontrou ressonância em trabalhos recentes que trazem o mapeamento de fatos geográficos que articulam a formação territorial em rede, a exemplo das redes de transportes, de bancos públicos e privados, de telefonia e de infraestrutura de engenharia.A análise dos resultados e a verificação dos interstícios e distâncias espaciais entre os nódulos fizeram surgir um desenho da rede urbana estruturada em três porções, a Centro Sul, a Nordeste e a Norte. Assim, à pergunta sobre as divisões do Brasil, se somos dois, três, quatro ou cinco Brasis, os dados sugerem a divisão em três grandes frações, o que se afigura como uma síntese mais abrangente e atual do Brasil das duas últimas décadas. Utilizando-se portanto de um caminho metodológico próprio, pudemos chegar a um resultado que, em boa medida, coincide com a proposta de Geiger feita a cerca de 30 anos atrás. De posse dessa divisão e mediante o uso de variáveis censitárias econômico-demográfico, verificou-se a existência de padrões específicos de desigualdade socioespacial entre as três frações. Mesmo que essa metodologia de investigação seja ainda incipiente, os dados não deixam dúvidas: no Centro Sul a desigualdade em termos de renda é relativamente menor e seus residentes convivem com maiores níveis de renda e inserção em atividades econômicas modernas; em situação oposta, o Nordeste padece da pior condição, baixos níveis de remuneração no interior da PEA ocupada, predominantemente em atividades de tipo tradicional. Não é surpresa constatar que alguns setores distribuíam-se sintomaticamente entre as frações, tipificando-as, em boa medida, como a indústria de transformação no Centro Sul, as atividades agropecuárias e extrativistas no Norte e as atividades tradicionais no Nordeste. Por último, os dados mostraram a inserção diferenciada das mulheres nos mercados de trabalho das 165 áreas urbanas da rede aqui apresentada, trazendo à reflexão a questão da contribuição das mulheres na redução das desigualdades de renda no interior da PEA, mesmo que menos inseridas no trabalho que os homens e participando em ocupações relativamente específicas.

 

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Publicado

2008-07-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

O BRASIL DIVIDIDO E A REDE URBANA FRACIONADA. (2008). Cadernos Do Leste, 8(8). https://doi.org/10.29327/249218.8.8-7

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