Ficção e socialização
uma metáfora em Vidas Secas, de Graciliano Ramos
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.26.1.84-101Palavras-chave:
Vidas Secas, Graciliano Ramos, Retórica, Linguagem figurada, Paul de ManResumo
O presente ensaio tem como objetivo ler um trecho de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, a partir de uma perspectiva retórica. Trata-se da passagem na qual o patriarca da família retirante hesita quanto à própria denominação metafórica. Como isso, pretende-se esboçar uma análise sobre a relação entre o ficcional e o político no pensamento desse autor. Para tanto, a exposição foi dividida em dois momentos. No primeiro, expôs-se a interpretação que serve de base para esta, um exercício semelhante feito por Paul de Man sobre o “Ensaio sobre a Origem das Línguas”, de Jean-Jacques Rousseau. Em seguida, leu-se o trecho selecionado de Graciliano Ramos. A compreensão atingida difere quanto à versão canônica segundo a qual a ficção de Graciliano se apresenta como representação imediata de questões sociais, reflexo de padrões mais amplos de consciência histórica, ou condensação simbólica de uma experiência coletiva. Por outro lado, a visão proposta de maneira alguma torna essa ficção apolítica.
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