Decadência denunciada pelo riso

gênero, intertextualidade e crítica no Satyricon

Autores

  • Caroline Morato Martins Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.45-64

Palavras-chave:

Satyricon, intertextualidade, gênero, decadência

Resumo

Neste artigo propomos a ideia de que a obra latina Satyricon, escrita sob o governo de Nero (54-68 d.C), apresenta evidentes alusões ao seu tempo de forma crítica e denunciatória. Porém, considerando o contexto político-social aristocrático da obra, apresentamos a ideia de que a mobilização de gêneros e tradições literárias, a intertextualidade e o riso é feita na obra com o propósito de construir dissimuladamente uma denúncia da decadência moral e artística da sociedade romana coetânea ao Satyricon. Neste sentido, analisaremos como as dificuldades de classificação desta obra em gêneros literários, sua vasta intertextualidade e seu evidente caráter cômico coadunam para uma crítica a decadência moral romana. Avaliamos brevemente, para este caso, a apresentação na obra do personagem fictício de um rico liberto, chamado Trimalquião, que se mostra indecoroso, vicioso e imoderado.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Caroline Morato Martins, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
    Doutoranda do Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal de Ouro Preto e integrante do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano (LEIR). Mestra, bacharela e licenciada em História pela mesma Universidade. Possui experiência na área de História Antiga, sobretudo, em temas relacionados ao Império Romano e Mediterrâneo Antigo. Atua, principalmente, na pesquisa dos temas: Literatura latina, Cultura material, Memória, Gênero, Representação feminina e Moralidade sexual no Mundo Antigo. 

Referências

AQUATI, Claúdio. O riso e o grotesco no Satíricon, de Petrônio: o tratamento de Quartila (Sat. 15-26). Letras Clássicas, n. 7, 2003, p. 171-200.

AUERBACH, Eric. Mimeses. São Paulo: Perspectiva, 1987.

AZEVEDO, Fernando. No tempo de Petrônio. Obras Completas. 3. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1962.

BARTSCH, Shadi. Actors in the Audience: Theatricality and Doublespeak from Nero to Hadrian. Cambridge: Harvard University Press, 1994.

CONTE, Gian B. The Hidden Author: An Interpretation of Petronius’s Satyricon. Trans. E. Fantham. Berkeley, CA, 1996, p. 94–103.

DE GUERLE, J. N. M. Recherches Sceptiques Sur Le Satyricon Et Son Auteur. In: PÉTRONE. Oeuvres Complètes de Pétrone. Traduit par M. Héguin de Guerle. Paris: Garnier Frères, s.d.

DE GUERLE. M. H. Advertissement du traducteur. In: PÉTONE. Oeuvres Complètes de Pétrone. Traduit par M. Héguin de Guerle. Paris: Garnier Frères, s.d.

ERNOUT, A. Introduction. In: PÉTRONE. Le Satiricon. 3ª ed. Paris: Les Belles Lettres, 1950, p. VII-XXXVIII.

FAVERSANI, Fábio. A pobreza no Satyricon. Ouro Preto: Editora UFOP, 1999.

FAVERSANI, Fábio. Ékphrasis e as fronteiras da descrição em Tácito. Let. Cláss., São Paulo, v.19, n. 1, p. 43-53, 2015.

FERREIRA, Paulo Sérgio Margarido. Os elementos paródicos do Satyricon e o seu significado. Lisboa: Edições Colibri, 2000.

GAGLIARDI, Donato. Petronio e il romanzo moderno. La fortuna del Satyricon attraverso i secoli. Firenze: La Nuova Italia, 1993.

HESELTINE. Introduction. In: PETRONIUS. Satyricon. Introduction and translation by Michael Heseltine. London: Loeb Classical Library, 1913, p. VII-XVI.

HOLZBERG, Niklas. The ancient novel. An introduction. Translated by JACKSON-HOLZBERG, Christine. London; New York: Routledge, 1995.

MARMORALE, Enzo V. La questione Petroniana. Bari, 1948.

MARTINS, Paulo. Pictura loquens, poesis tacens: limites da representação. Tese de Livre Docência em Livre-docência. São Paulo: FFLCH, 2013.

MORGAN, John R. Petronius and Greek literature. In: PRAG, Jonathan; REPATH, Ian (eds). Petronius a handbook. Malden; Oxford; Victoria: Blackwell Publishing, 2009, p. 32-47.

MOURITSEN, H. Freedmen and Decurions: Epitaphs and Socal History in Imperial Italy. JRS 95: 38-63, 2005.

MOURITSEN, H. The freedman in the Roman world. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.

PANAYOTAKIS, Costas. Quartilla’s histrionics in Petronius, Satyrica 16, 1-26, 6. Mnemosyne XLVII, 3, 1994, p. 319-336.

PANAYOTAKIS, Costas. Petronius and the roman literary tradition. In: PRAG, Jonathan; REPATH, Ian (eds). Petronius a handbook. Malden; Oxford; Victoria: Blackwell Publishing, 2009, p. 48-64.

PÉTRONE. Le Satiricon. 3ª ed. Paris: Les Belles Lettres, 1950.

PETRÔNIO. Satíricon. Trad. e posfácio Claúdio Aquati. São Paulo: Cosac Naify, 2008.

PETRÔNIO. Satyricon. Tradução de Sandra M. G. B. Bianchet. Belo Horizonte: Crisálida, 2004.

PETRONIUS. Satyricon. Introduction and translation by Michael Heseltine. London: Loeb Classical Library, 1913.

RAT, Maurice. Introduction. In: PÉTRONE. Satiricon. Traduit par Maurice Rat. Paris: Garnier Frères, 1934.

RUDICH, Vasily. Dissidence and Literature Under Nero: The Price of Rhetoricization. London: Routledge, 1997.

SLATER, Niall W. Reading the Satyrica. In: PRAG, Jonathan; REPATH, Ian (eds). Petronius a Handbook. Malden; Oxford; Victoria: Blackwell Publishing, 2009, p. 16-31.

TACITUS. Annals. London: The Loeb Classical Library, 1962.

Downloads

Publicado

2020-01-30