v. 25 n. 1 (2019): Em torno a uma crise clássica: Histórias de uma crise

Capa: Priscila Justina

Em seu volume 25, número 1, a revista Em Tese traz contribuições Em torno a uma crise clássica: histórias de uma criseA crise tem sido um tópos cada vez mais constante nas discussões de várias disciplinas das Humanidades desde meados do século XX até o presente, sobretudo a partir de uma alardeada crise da leitura e dos valores tradicionais pretensamente atrelados a ela. O tom apocalíptico de uma série de títulos dos estudos literários publicados nas últimas décadas é um curioso sintoma dessa situação: O declínio da cultura ocidental (Allan Bloom, 1989); Quem matou Homero? (Victor Davis Hanson e John Heath, 1998); A morte de uma disciplina (Gayatri Spivak, 2003); A literatura em perigo (Tzvetan Todorov, 2010). Ainda que compartilhem certo mal-estar perante a situação atual dos estudos literários, esses autores divergem no que diz respeito às causas do problema: para os mais conservadores, a relativização do cânone e de seus valores tradicionais tem trazido problemas de formação e dificuldades pedagógicas; para os mais progressistas, o engessamento institucional e curricular dificulta a possibilidade de que tradições alternativas a esse cânone sejam devidamente estudadas. Com desdobramentos na cena literária brasileira – de José Guilherme Merquior e Leyla Perrone-Moisés a Eneida Maria de Souza e Wander Melo Miranda –, esse debate parece configurar mais uma reatualização da eterna Querelle des Anciens et des Modernes, na linha do que já era sugerido em Literatura Europeia e Idade Média Latina por Ernst Curtius (2013, p. 313).

Cientes da oportunidade que momentos de crise – real ou imaginária – oferecem a quem queira rever os critérios de seus próprios juízos (est)éticos, a fim de delinear renovadas possibilidades de crítica (ou diferentes regimes de leitura), nós da Em Tese recebemos uma multiplicidade de contribuições orientadas principalmente por: i) análises do contexto sociocultural das últimas décadas no campo dos estudos literários, com tomadas de posição explícita com relação à dita situação de crise (seja por meio de um trabalho de crítica literária, seja por meio de uma discussão teórica); ii) retomadas de debates relevantes para a história dos estudos literários, a partir da célebre antinomia “antigos x modernos”, na antiguidade, no renascimento, na modernidade e na contemporaneidade. 

Publicado: 2020-01-30

Apresentação

  • Apresentação

    Amanda Damasceno, Clarissa Xavier, Felipe Cordeiro, Otávio Augusto de Oliveira Moraes, Rafael Silva, Tiago de Holanda
    6-14
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.6-14

Dossiê

  • Guerra fratricida na cultura sob a mais falsa crise

    Dirceu Villa Villa
    15-24
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.15-24
  • As Siluae de Estácio e o desenvolvimento do gênero lírico na Antiguidade

    Luiza Helena Rodrigues de Abreu Carvalho, Natan Henrique Taveira Baptista
    25-44
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.25-44
  • Decadência denunciada pelo riso gênero, intertextualidade e crítica no Satyricon

    Caroline Morato Martins
    45-64
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.45-64
  • Luciano de Samósata e a ficção da tradição democrática

    Igor B. Cardoso
    65-86
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.65-86
  • O juiz e o seu lugar impasses na definição de crítica moderna na Querelle sur Homère

    Thiago Santana
    87-105
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.87-105
  • Formas da crise a prosa, o prosaico, o poema, o poético, o jornal

    Francine Fernandes Weiss Ricieri
    106-125
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.106-125
  • A crise da narração e a narração da crise em duas obras de F. Scott Fitzgerald

    Roberta Fabbri Viscardi
    126-151
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.126-151
  • De sapateiros e escritores Graciliano Ramos e a literatura como trabalho manual

    Thayane Verçosa
    152-166
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.152-166
  • Tradição clássica em Primeiras estórias de J. Guimarães Rosa

    Christian Werner
    167-180
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.167-180
  • Sociedade, língua e arte em Empirismo Eretico , de Pasolini

    Ana Carolina Negrão Berlini de Andrade
    181-190
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.181-190
  • “Um “Um coração exterior” a escrita fora de si de Manuel António Pina

    Igor de Souza Soares
    191-202
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.191-202
  • Por que o Brasil precisa dos Estudos Clássicos

    Roosevelt Araújo da Rocha Junior
    203-209
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.203-209

Teoria, Crítica Literária, outras Artes e Mídias

  • Eça de Queirós contista o gótico nas narrativas "A aia", "O tesouro" e "O defunto"

    Xênia Amaral Matos
    210-222
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.210-222
  • O Modernismo e a Revolução de 1930 alguns aspectos

    Valdemar Valente Junior
    223-233
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.223-233

Tradução e Edição

  • A Arte Poética de Horácio Uma Nova Tradução Poética

    Guilherme Gontijo Flores
    234-268
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.234-268

Em Tese

  • Sobre o estilo de Daniel Sada uma leitura de Albedrío

    Laura Janina Hosiasson, Gabriel Bueno da Costa
    269-290
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.269-290

Entrevistas

  • Entrevista com Jacyntho Lins Brandão

    Rafael Guimarães Tavares Silva, Jacyntho Lins Brandão
    291-296
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.291-296

Resenhas

  • Édipo em dose tripla

    André Malta
    297-303
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.297-303
  • Resenha de Biografia literária, de Luciano de Samósata

    Rafael Guimarães Tavares Silva
    304-308
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.304-308