As Siluae de Estácio e o desenvolvimento do gênero lírico na Antiguidade
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.25-44Palavras-chave:
Retórica Clássica, Epidítico, Gênero lírico, Estácio, SiluaeResumo
O artigo demonstra a participação das Siluae de Estácio no cânone lírico, de onde são comumente excluídas. Para tal, expusemos o desenvolvimento e modificações do gênero lírico desde a Grécia arcaica até a sua chegada na Roma imperial. Feito isso, identificamos a silva como uma prática poética do gênero epidítico, na vertente do elogio, utilizando para tal as prescrições dos manuais retórico antigos - como a Retórica de Aristóteles, a Rhetorica ad Herennium, a Institutio oratoria de Quintiliano e o Sobre o epidítico de Menandro Retor. Finalmente, exemplificamos as características encomiásticas nas Siluae de Estácio, utilizando-nos do epidítico retórico, concluindo que o louvor de ocasião, característica da lírica antiga, funcionava como pretexto na composição do encômio aos destinatários em cada poema.
Downloads
Referências
ARISTÓTELES. Poética. Trad. Eudoro de Souza. São Paulo: Ars Poética, 1993.
BARBANTANI, Silvia. Lyric in the Hellenistic period and beyond. In: BUDELMANN, Felix (ed.). Cambridge Companion to Greek Lyric. Cambridge: Cambridge University, 2009. p. 297-318.
BARCHIESI, Alessandro. Lyric in Rome. In: BUDELMANN, Felix (ed.). Cambridge Companion to Greek Lyric. Cambridge: Cambridge University, 2009. p. 319-335.
BRUNETTA, Giulia. Strategies of Encomium in Statius’ Silvae. Thesis (PhD in Classics) – Department of Classics, Royal Holloway, University of London, 2013.
BRUNHARA, Rafael de Carvalho Matiello. Elegia grega arcaica, ocasião de performance e tradição épica: o caso de Tirteu. Dissertação (Mestrado em Letras Clássicas) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Usp, São Paulo, 2012.
CAIRNS, Francis. Generic Composition in Greek and Roman Poetry. Corrected and with new material. Ann Arbor: Michigan Classical, 2007.
CALAME, Claude. Réflexions sur les genres littéraires em Grèce archaïque. Quaderni Urbinati di Cultura Classica, Pisa, n. 17, p. 113-128, 1974.
CARDOSO, Leandro Dorval. Estácio: chorando o moço. In: CARVALHO, Raimundo Nonato Barbosa de; et al. (org.). Por que calar nossos amores? Poesia homoerótica latina. Belo Horizonte: Autêntica, 2017. p. 219-236.
CAREY, Chris. Genre, Occasion and Performance. In: BUDELMANN, Felix (ed.). Cambridge Companion to Greek Lyric. Cambridge: Cambridge University, 2009. p. 19-38.
CARVALHO, Luiza Helena Rodrigues de Abreu. Elementos de permanência do gênero silva da Antiguidade romana à Modernidade espanhola: Estácio e Quevedo (sécs. I-XVII). Dissertação (Mestrado em Letras) – Centro de Ciências Humanas e Naturais da Ufes, Vitória, 2018.
CONTE, Gian Biagio. A proposito dei modelli in letteratura. Materiali e discussioni per l’analisi dei testi classici, Pisa, v. 6, p. 147-157, 1981.
FARIA, Ana Paula Celestino; SEABRA, Adriana. Introdução. In: [CÍCERO]. Retórica a Herênio. São Paulo: Hedra, 2005. p. 11-34.
FEDELI, Paolo. As interseções dos gêneros e dos modelos. In: CAVALLO, Guglielmo; FEDELI, Paolo; GIARDINA, Andrea (org.). O espaço literário da Roma Antiga. A produção do texto. Trad. de Daniel Peluci Carrara e Fernanda Messeder Moura. Belo Horizonte: Tessitura, 2010. v. 1. p. 393-416.
GATTI, Ícaro Francesconi. A Crestomatia de Próclo: Tradução integral, notas e estudo da composição do códice 239 da Biblioteca de Fócio. Dissertação (Mestrado em Letras Clássicas) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Usp, São Paulo, 2012
GIESEN, Kátia Regina. O epidítico como recurso para a representação dos contemporâneos na epistolografia de Plínio, o Jovem. Dissertação (Mestrado em Letras) – Centro de Ciências Humanas e Naturais da Ufes, Vitória, 2016.
GRIMAL, Pierre. Dicionário da Mitologia Grega e Romana. Trad. de Victor Jabouille. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 2005.
GUERRERO, Gustavo. Teorías de la lírica. México: Fondo de Cultura Económica, 1998.
HANSEN, João Adolfo. Instituição retórica, técnica retórica, discurso. Matraga, Rio de Janeiro, v. 20, n. 33, p. 11-46, 2013.
HARVEY, Anthony E. The Classification of Greek Lyric Poetry. The Classical Quarterly, Cambridge, v. 5, n. 3-4, p. 157-175, 1955.
HORÁCIO. Arte Poética. Trad. de Raúl Miguel Rosado Fernandes. Lisboa: Inquérito, 1984.
HUTCHINSON, Gregory. Genre and Super-Genre. In: PAPANGHELIS, Theodore D.; HARRISON, Stephen J.; FRANGOULIDIS, Stavros (ed.). Generic Interfaces in Latin Literature: Encounters, Interactions and Transformations. Berlin: De Gruyter, 2013. p. 19-34.
LEITE, Leni Ribeiro. Marcial e o livro. Vitória: Edufes, 2013.
LOUREIRO, Thiago Castañon. Poesia: desafio ao pensamento. Estudo sobre as categorias poesia, mímesis e sujeito. Dissertação (Mestrado em Ciência da Literatura) – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura da UFRJ, Rio de Janeiro, 2017.
MARTINS, Paulo. Vertentes do retrato romano no final da República e no início do Principado. Cadernos de Pesquisa do CDHIS, Uberlândia, v. 27, n. 02, p. 13-38, 2014.
McNELIS, Charles. Greek grammarians and roman society during the Early Empire: Statius’ father and his contemporaries. Classical Antiquity, Berkeley, v. 21, n. 1, p. 67-94, 2002.
McNELIS, Charles. Looking at the Forest? The Silvae and Roman Studies: Afterword. Arethusa, Baltimore, v. 40, p. 279-284, 2007.
MEY, Eliane Serrão Alves. Bibliotheca Alexandrina. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v. 1, n. 2, p. 71-91, 2004.
MONTEIRO DELGADO, Juan; RUIZ PÉREZ, Pedro. La silva entre el metro y el género. In: LÓPEZ BUENO, Begoña (ed.). La silva. Sevilla: Universidad de Sevilla, 1991. p. 19-55.
MURPHY, James Jerome. The Codification of Roman Rhetoric. With a Synopsis of the Rhetorica ad Herennium. In: MURPHY, James Jerome; KATULA, Richard Allen (ed.). A Synoptic History of Classical Rhetoric. New Jersey: Lawrence Erlbaum, 2003. p. 127-149.
NAGLE, Betty Rose. Introduction. In: STATIUS. The Silvae of Statius. Trans. with notes and introduction by Betty Rose Nagle. Indianapolis: Indiana University, 2004.
NAUTA, Ruurd R. Poetry for patrons: literary communication in the age of Domitian. Boston: Brill, 2002.
NEWLANDS, Carole Elizabeth. Statius, Poet between Rome and Naples. London: Bristol Classical, 2012.
NOGUEIRA, Érico. A lírica laudatória no livro quarto das Odes de Horácio. Dissertação (Mestrado em Letras Clássicas) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Usp, São Paulo, 2006.
OLIVA NETO, João Ângelo. Dos gêneros da poesia antiga e sua tradução em português. Tese (Livre Docência em Letras Clássicas). Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Usp, São Paulo, 2013.
PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da argumentação: a nova retórica. Trad. de Maria Ermantina Galvão Gomes Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
PERNOT, Laurent. Rhetoric in Antiquity. Trans. by William E. Higgins. Washington: The Catholic University of America, 2005.
ROCHA, Roosevelt. Lírica Grega Arcaica e Lírica Moderna: Uma Comparação. Philia&Filia, Porto Alegre, v. 03, n. 2, p. 84-97, 2012.
RUSSELL, Donald Andrew; WILSON, Nigel Guy (ed.). Menander Rhetor. Oxford: Oxford University, 1981.
STATIUS. Thebaidos Libri XII. Edited by Donald E. Hill. Leiden: Brill, 1983.
VIEIRA, Brunno Vinícius Gonçalves. Farsália, de Lucano, canto I a IV: prefácio, tradução e notas. Tese (Doutorado em Estudos Literários) – Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, Araraquara. 2007.
WERNER, Erika. Lá vem a noiva: o epithalamium e suas configurações do período helenístico à era flaviana. Tese (Doutorado em Letras Clássicas) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Usp, São Paulo. 2010.
WRAY, David. Wood: Statius’ Silvae and the poetic of genius. Arethusa, Baltimore, v. 40, p. 127-143, 2007.



