As Siluae de Estácio e o desenvolvimento do gênero lírico na Antiguidade

Autores

  • Luiza Helena Rodrigues de Abreu Carvalho Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
  • Natan Henrique Taveira Baptista Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.25-44

Palavras-chave:

Retórica Clássica, Epidítico, Gênero lírico, Estácio, Siluae

Resumo

O artigo demonstra a participação das Siluae de Estácio no cânone lírico, de onde são comumente excluídas. Para tal, expusemos o desenvolvimento e modificações do gênero lírico desde a Grécia arcaica até a sua chegada na Roma imperial. Feito isso, identificamos a silva como uma prática poética do gênero epidítico, na vertente do elogio, utilizando para tal as prescrições dos manuais retórico antigos - como a Retórica de Aristóteles, a Rhetorica ad Herennium, a Institutio oratoria de Quintiliano e o Sobre o epidítico de Menandro Retor. Finalmente, exemplificamos as características encomiásticas nas Siluae de Estácio, utilizando-nos do epidítico retórico, concluindo que o louvor de ocasião, característica da lírica antiga, funcionava como pretexto na composição do encômio aos destinatários em cada poema.

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Biografia do Autor

  • Luiza Helena Rodrigues de Abreu Carvalho, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
    Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Espírito Santo (Vitória, Espírito Santo), com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), sob orientação da Profa. Dra. Leni Ribeiro Leite. Contato: luizahcarvalho@gmail.com.
  • Natan Henrique Taveira Baptista, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
    Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Espírito Santo (Vitória, Espírito Santo), com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), sob orientação da Profa. Dra. Leni Ribeiro Leite. Contato: natanbaptista@gmail.com

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Publicado

2020-01-30