Clarice Lispector
o livro da revelação do prazer
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.24.2.11-22Palavras-chave:
Clarice Lispector, Epígrafes, Paratextos, RevelaçãoResumo
Este artigo analisa as três epígrafes que abrem o romance Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, de Clarice Lispector, como prenúncios do processo formativo que sua protagonista vivenciará. Paratextos que se articulam na tessitura de todo o romance, direcionando-o à renovação possibilitada pela morte dos estereótipos, conceitos sociais e pessoais de Loreley, personagem principal da narrativa. Percebe-se que o trio de citações (Bíblico, Poético e Dramático) além de possibilitar ao leitor uma observação quanto ao repertório de leitura – cultural e literário – da escritora, evidencia uma perspectiva concisa e, ao mesmo tempo, ampla de significações do romance clariceano. Nota-se ainda que as três epígrafes comungam de um posicionamento metafórico/apocalíptico condizente a autoconsciência da protagonista, isto é, confluem à revelação, a tornar claro o que está obscuro no processo de ser e de estar no mundo de Loreley. A fundamentação teórica conflui, sobretudo, à pesquisa do crítico literário Gérard Genette concernente à obra Patatextos editoriais.
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