O século V a.C. e o ano de 2017
a tragédia feminina no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.24.1.133-151Palavras-chave:
Tragédia grega, Antígona, Medeia, Discurso ético, BrasilResumo
No ano de 2017 no Brasil, em particular na cidade de São Paulo, inúmeras foram as montagens que levaram à cena as questões políticas da atual situação do país, bem como também deram voz às grandes questões sociais do momento, como o discurso de gênero e o papel da mulher na sociedade. Antígona, de Sófocles, apresentada em 441 a.C., e Medeia, de Eurípides, encenada em 431 a.C., ganharam releituras que enfatizam justamente o caráter perturbador de um discurso que há mais de dois mil anos persiste em apartar a mulher dos problemas da comunidade, tirando-lhe o direito de expressão. Assim, ao colocar as personagens de Antígona e Medeia em cena, retomando um discurso milenar, as companhias resgataram o caráter universal da tragédia, portanto atemporal, e avultaram, cada qual a seu modo, os valores éticos que, já postos em discussão naquele tempo, ainda hoje se perpetuam e demandam atenção.Downloads
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