O século V a.C. e o ano de 2017

a tragédia feminina no Brasil

Autores

  • Marco Aurélio Rodrigues Universidade Estadual Paulista (UNESP/Araraquara)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.24.1.133-151

Palavras-chave:

Tragédia grega, Antígona, Medeia, Discurso ético, Brasil

Resumo

No ano de 2017 no Brasil, em particular na cidade de São Paulo, inúmeras foram as montagens que levaram à cena as questões políticas da atual situação do país, bem como também deram voz às grandes questões sociais do momento, como o discurso de gênero e o papel da mulher na sociedade. Antígona, de Sófocles, apresentada em 441 a.C., e Medeia, de Eurípides, encenada em 431 a.C., ganharam releituras que enfatizam justamente o caráter perturbador de um discurso que há mais de dois mil anos persiste em apartar a mulher dos problemas da comunidade, tirando-lhe o direito de expressão. Assim, ao colocar as personagens de Antígona e Medeia em cena, retomando um discurso milenar, as companhias resgataram o caráter universal da tragédia, portanto atemporal, e avultaram, cada qual a seu modo, os valores éticos que, já postos em discussão naquele tempo, ainda hoje se perpetuam e demandam atenção.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Marco Aurélio Rodrigues, Universidade Estadual Paulista (UNESP/Araraquara)

    Docente da área de Estudos Clássicos da Universidade Federal do Amapá – UNIFAP/Santana e membro do grupo de Pesquisa NUPEL (Núcleo de Pesquisa em Estudos Literários). Doutor em Estudos Clássicos pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Portugal, e Doutor em Estudos Literários pela Faculdade de Ciências e Letras da UNESP de Araraquara, São Paulo.

Referências

AHRENSDORF, Peter. Greek Tragedy and Political Philosophy: Rationalism and Religion in Sophocles’ Theban Plays. Reino Unido: Cambridge University Press, 2009.

ARAÚJO, Luis de. Ética: uma introdução. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2005. (Série Universitária: Estudos Gerais)

ARISTÓFANES. As rãs. Tradução de Maria de Fátima Sousa e Silva. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2014.

BENEDICT, Ruth. O crisântemo e a espada: padrões da Cultura Japonesa. São Paulo: Perspectiva, 2009.

BOUVRIE, Synnøve des. Aristotle’s Poetics and the Subject ofTragedy, Arethusa, SUNY Series in Classical Studies, 21, 1988, pp. 62-108.

COMPARATO, Fábio Konder. Ética: direito, moral e religião no mundo moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

DOVER, Kenneth James. Aristophanic Comedy. Berkely: University of California Press, 1972.

FERREIRA LEÃO, Delfim. Sólon, Ética e Política. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.

FOLEY, Helene. Female acts in greek tragedy. Princeton: Princeton University Press, 2002.

FOLEY, Helene. Reimagining Greek Tragedy on the American stage. Estados Unidos: California University Press, 2014.

GOLDHILL, Simon. Representing Democracy: Women at the Great Dionysia. In: Ritual, Finance, Politics: Athenian democratic accounts presented to David Lewis. Ed. Robin Osborne and Simon Hornblower. Oxford: Oxford Clarendon Press, 1994, pp. 347-370.

HÉRODOTE. Histoires. Livre I. Clio. Texte établi et traduit par P.h. E. Legrand. Paris: Les Belles Lettres, 1946.

HESIOD. Works and days. Edited by Martin L. West. Oxford: Oxford University Press, 1978.

LAERTIUS, Diogenes. Lives of Eminent Philosophers. R.D. Hicks. Cambridge: Harvard University Press, I.50, 1972.

LEHMANN, Hans-Thies. O teatro pós-dramático. Tradução de Pedro Süssekind. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

LORAUX, Nicole. A tragédia grega e o humano. In: NOVAES, A. (Org.) Ética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, pp. 08-25.

MCDONALD, Marianne. Ancient sun, modern light. Greek drama on the modern stage.New York: Columbia University Press, 1992.

MEE, Erin; FOLEY, Helene. (Orgs) Antigone on the contemporary world stage. Reino Unido: Oxford University Press, 2012. (Cassical Presences)

PASSÔ, Grace. Mata teu pai. São Paulo: Cobogó, 2017.

PLUTARQUE. Vies. texte établi et traduit par Robert Flacelière, Émile Chambry e Marcel Juneaux. Paris: Les Belles Lettres, 1957.

RINNE, Olga. Medeia: o direito à ira e ao ciúme. Rio de Janeiro: Cultrix, 1988.

SOUZA E SILVA, Maria de Fátima. A posição social da mulher na comédia de Aristófanes. Humanitas, v. 31-32, 1978-1979, pp. 97-113.

WRIGHT, Matthew. Euripides’ Escape-Tragedies: A Study of Helen, Andromeda, and Iphigenia among the Taurians. Reino Unido: Oxford University Press, 2005.

Downloads

Publicado

2019-03-01

Edição

Seção

Dossiê