'Meu tio o Iauaretê' e a experiência abissal

Autores

  • Josué Borges de Araújo Godinho Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.20.2.31-40

Palavras-chave:

Iauaretê, Violência, Abismo, Limites do humano

Resumo

Este texto busca formular perguntas e problematizar a natureza da violência que se encena no conto “Meu tio o Iauaretê”, de João Guimarães Rosa. Neste conto há um tipo de violência que está na ordem do absurdo, destituída de razão ou explicação aparentes. A violência que ali se encena, pela absurdidade e pela carência de fundo e razão, não parece admitir da crítica respostas satisfatórias, abalando, inclusive, os conceitos de representação e de representação da violência. “Meu tio o Iauaretê”, questionando as bases de
qualquer racionalidade, se insere na ordem de uma violência crua e desprovida de sentidos, impactante por sua carência de motivações aparentes além da dissolução de limites entre o humano e o animal – espécie de monstruosidade – e por sua esteriliadde. Interessa-nos a experiência abissal dessa violência que não se deixa reduzir e que mesmo depois do fim da fala dissemina-se para além do texto, incômoda e renitente. Tal leitura terá apoio teórico, principalmente, de Jacques Derrida.

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Biografia do Autor

  • Josué Borges de Araújo Godinho, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    Mestre em Estudos Literários e doutorando em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pelo Programa
    de Pós-Graduação em Estudos Literários da Faculdade de Letras da UFMG.

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Publicado

2014-08-31

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