Marcela
a voz da personagem feminina como contradiscurso hegemônico em Dom Quixote sob uma leitura bakhtiniana
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.28.1.395-413Palavras-chave:
Dom Quixote, Marcela, polifonia, papel da mulher, estudo de gêneroResumo
Este artigo pretende revisitar o clássico romance de Miguel de Cervantes, O engenhoso fidalgo Dom Quixote de la Mancha (1605; 1615), clássico do século de ouro da literatura em Língua Castelhana, a fim de discutir o papel da personagem Marcela e sua presença como contradiscurso hegemônico ao destino imposto ao gênero feminino naquele contexto. Como obra que pauta a diversidade discursiva, Dom Quixote parece abrir espaço para um novo gênero narrativo, no qual as personagens ganham autonomia e visões particulares de mundo, que, por vezes, chocam-se. Para tanto, introduzimos uma breve discussão acerca do gênero romance em Cervantes e uma retomada do princípio da polifonia em Bakhtin, para chegar a uma análise da voz de Marcela. Retomamos os estudos de Jorge Luis Borges (1968), Mikhail Bakhtin (2002), Luiz Costa Lima (2009), dentre outros.
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