Editoras independentes e precarização no mercado editorial

Autores

  • Marcos Roberto do Nascimento Centro Federal de Educação Tecnológica

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.28.1.440-465

Palavras-chave:

Campo Editoria, Editoras Independentes, Precarização, Mercado Editorial, Graus de Independência/Dependência

Resumo

O debate sobre a produção independente do livro tem muitas nuances, desde a posição e práticas das pequenas editoras em relação ao modus operandi das grandes corporações à construção de uma identidade própria de editoras independentes. Parece haver um entendimento de que a produção independente decorre da autonomia de pequenas editoras frente à lógica dominante da produção capitalista de livros. Este entendimento expõe dois modos de fazer e vender livros, numa oposição tácita, insuficiente, no contexto das novas tecnologias, para abarcar a diversidade de “situações de independência”, expressas em “graus de independência/dependência” (GIDs) em cada etapa da cadeia editorial. A independência no mercado editorial é, também, uma forma de precarização. Visamos refletir sobre como os limites conceitual e metodológico comprometem a compreensão das experiências das editoras independentes dentro do campo e do mercado editoriais; esboçar um conceito de editora independente; e formular um modelo para analisar os GIDs das editoras.

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Biografia do Autor

  • Marcos Roberto do Nascimento, Centro Federal de Educação Tecnológica

    Doutorando em Estudos de Linguagens no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-MG) e mestre em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar/UFMG). Professor de Sociologia na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).

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Publicado

2022-07-29