Da solidão e do exílio
as fronteiras entre Literatura e História em A noite da espera e Pontos de fuga
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.28.3.13-32Palavras-chave:
Literatura, História, solidão, exílio, Milton HatoumResumo
Este artigo tem como objetivo realizar reflexões a respeito das relações entre os campos da História e da Literatura, em uma posição de intersecção, a partir da análise das obras A noite da espera (2017) e Pontos de fuga (2019), de Milton Hatoum. Por uma perspectiva que coloca em diálogo a visão de algumas propostas teóricas, é essa relação fronteiriça que pretendemos discutir inicialmente, partindo do pensamento aristotélico e perpassando pelos estudos de Ranciére (2009), Saer (2012) e Volóchinov (2019). Compreendendo que a ficção não nega a realidade dita objetiva, consideramos que o plano histórico é incorporado e assimilado pela literatura ao seu modo único, em uma abordagem mais ampla. Dessa maneira, buscamos, ainda, compreender como a literatura atua como arquivo da memória e de que forma atmosferas de opressão e violência são capazes de propiciar duas temáticas fundamentais nas obras de Hatoum: a solidão e o exílio.
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