Nossas mãos moldando tridimensionalidades
memória e história em Azul corvo, de Adriana Lisboa
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.28.3.111-131Palavras-chave:
narrativa, memória, Adriana LisboaResumo
Tanto a narrativa histórica, quanto a narrativa literária, ain- da que com interesses distintos, por serem organizadas em discursos, carregam no âmago de suas naturezas uma problemática comum, a da memória. Estabelecer relações entre presente e passado pressupõe estar sujeito à dinâmica da memória, cujo processo, com ou sem compromisso com o factual, inevitavelmente escapa aos desígnios da mera reprodução. Em Azul corvo, romance de Adriana Lisboa, a personagem Vanja propõe-se a narrar sua vida. Desvelar a si mesma significa mobilizar o passado e problematizar as intersecções entre os planos da história e os das subjetividades no processo de composição das identidades. A partir da análise dessa narrativa, observa-se que o discurso da memória é elaborado a partir de procedimentos que questionam as fronteiras da individualidade e da verdade. A reatualização do passado apresenta-se ao leitor por meio da experiência plural e histórica contida numa vida.
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Referências
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