O mau selvagem

a apropriação do mito freudiano de Totem e tabu por Oswald de Andrade no “Manifesto Antropófago”

Autores

  • Pedro Teixeira Castilho Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Leo Bryan Lisboa Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.23.1.119-132

Palavras-chave:

Modernismo Brasileiro, Oswald de Andrade, Antropofagia, Nacionalismo E Cultura, Totem e Tabu

Resumo

Ao insurgir-se contra a arte burguesa e os valores eurocêntricos que a legitimam, a Antropofagia de Oswald de Andrade encontra amparo, paradoxalmente, em discursos disseminados por diversas correntes de pensamento originárias da própria Europa. Mas é a partir dos estudos de Sigmund Freud, notadamente de seu texto Totem e tabu (1913), que o poeta paulistano passa a conceber sob uma nova lógica as relações entre culturas centrais e culturas periféricas, como as latino-americanas. A eliminação da autoridade imposta pela tradição “paterna” herdada do continente europeu – ou seja, o ato de parricídio – se apresenta, nessa perspectiva, como única solução capaz de pôr termo à dominação cultural imposta durante séculos à arte nacional. Intenta-se, com este breve artigo, apontar as relações de intertextualidade estabelecidas entre a antropofagia oswaldiana e o mencionado estudo de Freud, bem como as ressignificações operadas pelo poeta paulistano sobre os conceitos de totem e tabu.

 

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Biografia do Autor

  • Pedro Teixeira Castilho, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
    Possui mestrado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (2004) e doutorado em Psicologia na linha de pesquisa: Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2009) e pós doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP).
  • Leo Bryan Lisboa, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
    Formado em Letras pela UFMG com estudos em Literatura Brasileira

Referências

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Publicado

2018-03-16